A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está se reunindo com pelo menos quatro laboratórios de medicamentos veterinários para tentar viabilizar a adaptação de algumas fábricas para a produção de vacinas contra covid-19. Se tudo der certo, as unidades poderão ajudar a ampliar o volume produzido no país em quatro a seis meses.
As conversas se intensificaram após a apresentação de um projeto de lei pelo senador Wellington Fagundes (PP-MT). O texto sugere que os estabelecimentos que fabricam medicamentos para animais sejam temporariamente autorizados a produzir a vacina, desde que cumpram normas sanitárias e exigências de biossegurança.
“Todas as fases relacionadas à produção, ao envasamento, à etiquetagem, à embalagem e ao armazenamento de vacinas para uso humano deverão ser realizadas em dependências fisicamente separadas daquelas que, numa mesma estrutura industrial, porventura ainda estejam sendo utilizadas para a fabricação de produtos destinados a uso veterinário”, diz o projeto.
Essa exigência de desagregação das unidades preocupa a Anvisa, mas não no quesito sanitário. Técnicos da agência avaliam que a operação pode ficar cara e afastar eventuais interessados.
“A depender da exigência, pode ser quase a mesma coisa do que construir uma fábrica nova”, alertou uma fonte que acompanha as negociações. “Simples não é, mas é perfeitamente possível. Vai depender da disposição das empresas”.
O primeiro passo dos encontros individuais será justamente entender o tamanho do ânimo delas em participar. Estão previstas para hoje reuniões com as fabricantes Ourofino, Ceva, Merck e Boehringer.
O presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, discutiu o assunto em audiência, ontem com a ministra da Agricultura, Teresa Cristina.
A agência também tratou do assunto recentemente em reuniões com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan). A diretora Meiruze Freitas, responsável pela área de medicamentos e vacinas, participou de uma audiência no Senado em que se tratou do projeto de lei de Fagundes.
Relator da comissão temporária do Senado que acompanha as ações de enfrentamento à pandemia, Fagundes acredita que as plantas industriais de imunizante animal poderão produzir em um prazo de 90 dias. Já a Anvisa trabalha com prazo de 120 a 180 dias.