A 39ª edição da Conferência FACTA WPSA-Brasil 2022 teve início nesta quarta-feira no Expo D. Pedro, em Campinas (SP). O evento, que traz como tema “Avicultura, o futuro é agora!”, é voltado a profissionais e estudantes do setor que buscam atualizar-se e contribuir para a melhoria do cenário mundial da avicultura.
Os principais temas técnicos voltados à avicultura de corte e postura e a governança ambiental, social e corporativa estão fazendo parte do amplo debate proposto pela FACTA. Temas como sustentabilidade, gestão de pessoas para melhorar o desempenho das aves, otimização de custo e seu impacto de matrizes, poedeiras e frangos de corte fazem parte da agenda do evento.
Os participantes estão ampliando os conhecimentos sobre o conceito Environmental, Social and Governance (ESG), além da atual situação e projeções para o mercado de grãos; disponibilidade de energia elétrica; apresentação de um modelo de contenção para surto de doenças exóticas tipo Anemia Aviária, Newcastle e Gumboro; tendências e mudanças de tipo de produtos avícolas oferecidos ao mercado pós-pandemia; qualificação da mão de obra no uso de sistemas informatizados de coleta de dados e automação dos galpões, entre outros.
Durante a abertura do evento, o Diretor-Presidente da FACTA Ariel Mendes destacou o papel da entidade na difusão de conhecimento para a avicultura. “Todos que trabalham com avicultura no Brasil, em algum momento tem contato com as informações produzidas pela equipe da FACTA. Nosso papel é, acima de tudo, dar todo o suporte técnico ao setor”, afirmou.
Na sequência da programação foi entregue o prêmio FACTA ao Médico Veterinário Edir Nepomuceno, profissional que completa 50 anos de formatura em 2022. Desde 2006 a FACTA destaca no evento um profissional da avicultura brasileira, como forma de valorização, difusão e agradecimento ao trabalho daqueles que, ao desenvolverem sua atividade profissional, contribuem para o desenvolvimento do país e a formação técnica e ética das novas gerações de profissionais da avicultura industrial brasileira e mundial.
Sustentabilidade, uma estrutura que orienta investimentos
A sustentabilidade é um tema que já faz parte da realidade do agronegócio brasileiro e, acima de tudo, da avicultura. O consumidor está cada vez mais consciente sobre necessidade de comprar primeiramente, produtos seguros, e segundo, produtos que não sejam produzidos ferindo o bem-estar animal, a questão do meio-ambiente, a questão da saúde e do bem-estar do trabalhador, o tão abordado ESG (Environmental, Social and Governance).
Em sua apresentação, a Diretora Técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) Sula Alves, destacou o papel da sustentabilidade para a evolução técnica e mercadológica da avicultura. “A sustentabilidade orienta a nossa estrutura interna e o ESG volta o seu olhar para as questões externas, para medir e avaliar o desempenho e o risco das empresas”, explicou.
Segundo ela, sob o conceito do ESG, é possível demonstrar o que se é, de fato, e comunicar com mais clareza as ações feitas. “É preciso unir habilidade e vocação para fazer, estabelecer metas mensuráveis, auditáveis e reportáveis”, disse. “O ESG, na prática, aponta os riscos e oportunidades na produção de proteínas”, afirmou.
Dando continuidade, as vacinas autógenas foram tema de debate, com regulamentação e como elas podem ser utilizadas na avicultura. Participaram Emílio Salani (Sindan), Márcio Brotel (Inata), Gustavo Schaefer (Vaxxinova).
Garantia da sanidade é primordial à avicultura
As doenças emergentes e reemergentes fizeram pauta da agenda do primeiro dia da 39ª edição da Conferência FACTA WPSA-Brasil 2022. O responsável pelo debate foi o médico veterinário Alberto Back (Mercolab).
Ele passou um breve panorama sobre o status da Bronquite Infecciosa, Coriza Aviária, Doença de Gumboro, Escherichia Coli e finalizou sobre a Salmonelose.
Back destacou que o monitoramento ainda é a melhor ‘arma’ para o controle das enfermidades. “É preciso sempre manter muita atenção para um diagnóstico rápido, promover o isolamento do plantel e também promover os testes de PCR, se necessário”, afirmou.
Em alguns casos, como no da Bronquite Infecciosa, por exemplo, Back apontou a necessidade inclusive de um monitoramento sorológico e clínico. “Além disso é necessário o uso de ferramentas moleculares, isolamento do vírus, estudo de imunogenicidade e o uso de uma vacina adequada”, listou. “Os casos podem acontecer e prevenção é biosseguridade e diagnóstico é monitoria e o controle se dá através de uma ação rápida visando a sua total erradicação”, disse.
Na sequência, o auditor fiscal do Ministério da Agricultura Bruno Pessamilio destacou a vigilância atual para a Influenza Aviária e Doença de Newcastle. “O objetivo do MAPA é garantir graves perdas econômicas e garantir a certificação para o comércio internacional de aves, produtos e material genético aos mais diversos mercados internacionais, demonstrando a total ausência das enfermidades citadas”, disse.
A saúde pública também foi apontada por Pessamilio como um item de atenção por parte do Ministério. “Por isso nosso planejamento precisa ser viável, defensável tecnicamente e simples para ser aplicável em todo o país, sendo sustentável e que permita sua continuação”, afirmou. “Por isso trabalhamos com um trabalho muito rigoroso para a detecção precoce de qualquer enfermidade”, finalizou.
E fechando o primeiro dia, a médica veterinária da Society International Anna Cristina Souza abordou o tema Movimento cage-free global. Segundo ela, a demanda do mercado está cada vez maior. “As políticas de sustentabilidade e de ESG estão fazendo parte das empresas e, como não poderia deixar de ser, da avicultura também”, destacou.
Segundo ela, uma das preocupações do setor avícola, o custo para implementação de tais políticas, deve ser diluído ao longo da cadeia. “Precisamos ‘deselitizar’ o bem-estar, pois a tendência é de estabilidade nos preços com o passar dos anos e sempre cabem soluções criativas neste contexto”, disse. “O movimento cage-free é global e muito expressivo”, disse.
Anna afirmou que as demandas da sociedade civil estão direcionando mudanças de paradigma no mercado. “Os órgãos regulatórios estão respondendo à ciência do bem-estar animal e à demanda por mudanças no setor produtivo e o Brasil promete seguir as tendências globais”, afirmou. “A demanda por cage-free é crescente e a oferta deve aumentar para atender ao mercado”, pontuou.