Em julho corrente, o real, atual padrão monetário brasileiro, completa 28 anos de vigência. Foi implantado em 1º de julho de 1994 e, desde então, acumula uma variação (pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas) de 1.073,83%.

O frango vivo – que, curiosamente, vem sendo comercializado por valor 10 vezes superior ao registrado por ocasião de implantação do real – nunca alcançou o índice acumulado. Neste século, o mais que se aproximou do IGP-DI foi em abril de 2003, quando registrou diferença de menos de 10 pontos percentuais em relação ao índice então alcançado. Em contrapartida, em fevereiro passado apresentou a pior relação dos últimos 20 anos: 310 pontos percentuais abaixo do IGP-DI. Em junho passado a diferença a menos ficou em 173,83 pontos percentuais.

Mas, historicamente, o patinho feio dessa história tem sido o ovo. Comparativamente, seu melhor resultado de 2001 para cá ocorreu em abril de 2003, ocasião em que seu preço ficou apenas 53 pontos percentuais abaixo do IGP-DI. Mas, na média dos últimos 10 anos. têm ficado a mais de 300 pontos percentuais de distância do índice inflacionário, com pico em janeiro deste ano – 632 pontos percentuais a menos. Ou seja: então, o ovo (pelo IGP-DI) deveria ter sido comercializado por algo em torno dos R$195,00/caixa, mas alcançou no mês menos de 50% desse valor.

O milho teria tido um desempenho muito similar ao do frango não fosse o fato de, a partir do final de 2020, sobretudo, ter alcançado preços que passaram a superar o IGP-DI. Sob esse aspecto, chegou a apresentar diferença de mais de 300 pontos percentuais acima do índice inflacionário, tendo chegado a junho passado com o menor diferencial dos últimos dois anos: menos de 20 pontos percentuais. Mas não porque seus preços tenham recuado de forma significativa e, sim, porque a inflação – influenciada também pelos altos preços do milho – vem tendo uma evolução mais aguda.

Tudo isso considerado, a evolução de preços do frango vivo e do ovo no mês, no ano ou em 12 meses tem pouquíssimo significado. Porque, no decorrer do tempo, ambos continuam com valores aquém dos registrados pela inflação e, principalmente, por sua principal matéria-prima, o milho.