Ansiosamente aguardado por todo o setor avícola, o comunicado do MAPA da última sexta-feira (28), trazendo o resultado das negociações com as autoridades sanitárias japonesas superou as melhores expectativas. Não porque os embargos existentes já tenham sido levantados, mas pelo formato do acordo firmado.
Recordando, a meta original do MAPA era estender – não só ao Japão, mas também aos demais importadores dos produtos avícolas brasileiros (carne de frango, ovos e material genético) – o modelo de regionalização formalizado com o Reino Unido. Que em essência prevê, na eventualidade de ocorrência de caso de gripe aviária na avicultura comercial, o embargo apenas ao estado onde tenha ocorrido o registro.
Porém, o acordo com o Japão foi mais além. Pois, pelo protocolo reajustado, doravante um embargo (se vier a ocorrer) terá aplicação no âmbito municipal, ou seja, não se estende a todo o estado onde ocorreu foco da doença, ficando restrito, exclusivamente, ao município afetado. Como, aliás, havia defendido o AviSite no último dia 20, preconizando ir mais além (Restrição por Unidade Federativa?).
Em outras palavras, se isso estivesse valendo há pouco mais de um mês, os embargos parciais impostos pelo Japão a produtos avícolas brasileiros estariam restritos aos municípios de Serra e Maracajá e não ao Espírito Santo e Santa Catarina, estados-sede dos dois municípios, respectivamente. Assim, agora é aguardar para o próximo mês a reversão dos embargos existentes, já que, pelos padrões sanitários japoneses, ocorrências do gênero somente são suspensas quatro semanas após o foco ter sido considerado encerrado.
Vencida essa etapa, agora é avançar para que o modelo aprovado pelo Japão – e que, na verdade, não é inédito – seja adotado por outros importadores. Porque, infelizmente, ainda há países que, só por “ouvirem o galo cantar” (e sem procurar saber onde) continuam impondo embargos totais a alguns países exportadores de produtos avícolas.
*
Balanço da situação no Brasil
Pela atualização do MAPA divulgada ontem (30) às 19 horas, os casos de IAAP em território brasileiro totalizam agora 74 – sete a mais que os confirmados uma semana antes, em 23 de julho (atualização das 19 horas), todos eles permanecendo restritos, exclusivamente, a aves selvagens.
A maior parte dos registros (54 focos, quase três quartos do total) continua envolvendo três dos quatro estados da Região Sudeste: Espírito Santo, com 29 casos; Rio de Janeiro, com 15 casos; e São Paulo, agora com 10 casos, o mais recente deles confirmado no último dia 26 e envolvendo novamente o município de Santos (segundo caso registrado no local).
Mas o maior aumento de confirmações na semana ocorreu em Santa Catarina: cinco dos sete novos casos. Ou seja: após registrar, até 23 de julho, apenas duas ocorrências (uma deles envolvendo criação de subsistência), uma semana depois Santa Catarina chegou a sete casos – em São Francisco do Sul (segundo caso), Itapoá, Navegantes, Joinvile e Penha. E haveria um empate com o Paraná não fosse a confirmação de um novo caso (dia 29) no município paranaense de Guaratuba, o que elevou para oito o número de focos neste último Estado.
É provável que, doravante, aumente significativamente a detecção de novos focos de IAAP não só em Santa Catarina, mas também em outros estados. Não que esteja ocorrendo maior disseminação do vírus, a prevenção é que vem sendo intensificada. E isto possibilita a detecção precoce de novos focos.
Infelizmente, tudo indica que a maioria das aves silvestres (e até mesmo alguns mamíferos) tornaram-se hospedeiros, silenciosos ou não, do vírus de alta patogenicidade da Influenza Aviária. Assim, continua sendo primordial detectar o mais cedo possível essa presença, para adoção imediata de rigorosas medidas sanitárias em torno dos focos confirmados. É a única forma de preservar não apenas a avicultura comercial, mas também outras espécies avícolas.