Com a fusão entre a Marfrig e a BRF, anunciada na sexta-feira (16), a nova empresa MBRF Global Foods Company terá receita de R$ 152 bilhões e será uma das maiores do setor de alimentos do mundo. A MBRF terá presença em 117 países e uma produção conjunta estimada em 8 milhões de toneladas de produtos anualmente.
A operação envolverá marcas conhecidas do dia a dia do brasileiro, como Sadia, Perdigão, Qualy e Bassi, e um portfólio multiproteínas que inclui carnes bovina, suína, de aves, industrializados e até pet food.
Os números da nova gigante mundial de alimentos:
- Juntas, as companhias somam receita líquida consolidada de R$ 152 bilhões nos últimos 12 meses.
- Serão 130 mil colaboradores – 30 mil da Marfrig e 100 mil da BRF.
- A MBRF terá produção anual de 8 milhões de toneladas e atenderá a mais de 424 mil clientes.
Atualmente, a Mafrig é líder global, segundo a empresa, na produção de hambúrguer. Mas é a segunda maior produtora de carne bovina do mundo, atrás da JBS. A operação é composta por 31 unidades de produção localizadas no Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Estados Unidos, onde a operação é representada pela National Beef.
Em 2023, a Marfrig tinha uma operação de abate de bovinos de 5.100 cabeças por dia.
Já a BRF tem como foco carnes de aves e suínos. Os frangos de corte são responsáveis por 70,40% de todos os produtos animais da dona das marcas Sadia e Perdigão. Os suínos representam 26,20%, enquanto perus são 2,10%, bovinos 0,70%, lácteos 0,60%, ovos 0,01% e vegetais 1,52%.
MBRF poderá acirrar a concorrência com a gigante JBS.
O movimento de fusão visa fortalecer a presença global das marcas, diz a Mafrig, que já era a maior acionista da BRF. A segunda maior produtora de carne bovina já era a principal acionista da BRF e, segundo os responsáveis pela fusão, este novo momento das companhias era esperado há três anos.
“A fusão entre a Marfrig e a BRF é um movimento necessário para que possamos avançar com capturas de sinergias estratégicas e continuar cres-cendo nossos negócios em todo o mundo. Hoje, com a MBRF, começamos um novo capítulo da nossa história e estamos pavimentando um futuro promissor”.
Marcos Molina, Controlador e Presidente dos Conselhos de Administração de Marfrig e BRF, em comunicado à imprensa
A nova empresa pode crescer nos Estados Unidos, Oriente Médio e China. Segundo o empresário em entrevista ao Valor Econômico, 43% do faturamento da MBRF virá do mercado americano. Com a fusão, os negócios também buscam listagem na bolsa de valores de Nova York (Nyse).
A estratégia espelha a concorrente. A mudança na listagem é semelhante à buscada pela JBS, que no dia 23 de maio realiza assembleia com seus acionistas para aprovar a listagem da empresa nos EUA. A companhia quer estrear na Nyse ainda em junho deste ano.
O que dizem os balanços das empresas
O anúncio da fusão veio junto com a divulgação dos resultados do primeiro trimestre. A Marfrig reportou lucro líquido de R$ 88 milhões (alta de 40,3%), enquanto a BRF lucrou R$ 1,19 bilhão (alta de 99,6%) e teve Ebitda ajustado – lucro ou prejuízo da empresa antes de juros, impostos, depreciação e amortização – de R$ 2,75 bilhões (alta de 30%).
A BRF vive um momento de virada para o azul, que impulsionou a movimentação entre as empresas. Em 2024, a BRF teve receita líquida de R$ 61,4 bilhões, alta de 14% ante 2023. No ano, o lucro líquido foi de R$ 3,7 bilhões, ante um prejuízo de R$ 1,869 bilhão em 2023. O Ebitda ajustado somou R$ 10,5 bilhões, alta de 123% em 2024 sobre o ano anterior.
A Marfrig relatou lucro líquido de R$ 2,796 bilhões no ano passado ante prejuízo de R$ 1,518 bilhão em 2023. A receita líquida cresceu 14% no ano, para R$ 144,153 bilhões e o Ebitda avançou 59,5%, para R$ 13,642 bilhões.
O que muda agora para os acionistas
Dividendos podem aumentar. A operação prevê que os acionistas da BRF e da Marfrig sejam beneficiados com um pagamento de proventos expressivo. A BRF distribuirá até R$ 3,52 bilhões em proventos e a Marfrig, por sua vez, distribuirá R$ 2,5 bilhões.
As duas companhias convocaram assembleias gerais extraordinárias para o dia 18 de junho, quando a fusão será votada. Os acionistas que não desejarem integrar a MBRF terão 30 dias para exercer o direito de recesso. Quem não quiser participar da incorporação vai receber dinheiro em vez de ações, um valor de R$ 19,89 por ação. Apenas aqueles que permanecerem terão direito aos dividendos e proventos previstos na reestruturação.
Fusão deve trazer sinergias relevantes, dizem as empresas. A MBRF prevê o aumento de receitas e redução de custos de aproximadamente R$ 485 milhões por ano pelo maior volume de vendas e maiores eficiências na cadeia de suprimentos (matérias-primas, embalagens e insumos).
A redução de despesas é estimada em R$ 320 milhões por ano. O comunicado destaca que o valor será decorrente da racionalização da estrutura comercial e logística, consolidação de sistemas operacionais e otimização da estrutura corporativa. A otimização fiscal é prevista em R$ 3 bilhões.
Clique aqui e acesse a íntegra do comunicado conjunto Marfrig/BRF.