Micrografia eletrônica de transmissão colorida dos vírus da influenza aviária A H5N1.
Crédito: Domínio Público
Usando ferramentas de inteligência artificial, pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte em Charlotte (UNCC) analisaram milhares de proteínas virais do H5N1 e descobriram que suas ligações com anticorpos protetores vêm se enfraquecendo no decorrer do tempo.
A constatação é a de que as versões mais recentes do vírus melhoraram sua capacidade de escapar das defesas naturais do sistema imunológico humano. “O vírus certamente sofreu uma mutação diferente da que víamos há uma década”, disse o biólogo computacional da UNCC, Colby T. Ford, Ph.D., que liderou o estudo. “Eles nem parecem os mesmos.”
Essas adaptações aumentam o potencial pandêmico do vírus, disse ele, e vacinas candidatas desenvolvidas há 10 anos podem não ser eficazes contra cepas atuais do vírus. “Isso é, potencialmente, péssimo.”
Junto com Shirish Yasa, BS, que trabalhou no estudo quando estudante de graduação e agora é aluna da Eastern Virginia Medical School, Ford apresentou as descobertas na ASM Microbe 2025 , a reunião anual da Sociedade Americana de Microbiologia, em Los Angeles.
Inicialmente, os pesquisadores coletaram dados sobre mais de 1.800 proteínas do H5N1. Eles usaram o AlphaFold 3, um sistema de dobramento de proteínas com inteligência artificial, para prever as estruturas complexas das proteínas virais . Em seguida, usando sistemas de modelagem baseados em física, testaram a eficácia da ligação de 11 anticorpos imunes (coletados de pessoas e camundongos) às proteínas.
Melhores ligações significam melhor proteção, ressalta Ford, mas a análise revelou que, ao longo dos anos, a ligação vem se enfraquecendo. “O desempenho dos anticorpos está diminuindo à medida que chegamos aos isolados mais novos que vimos obtendo.”
O grupo também tem utilizado grandes conjuntos de dados focados no H5N1 para conectar melhor os clados do vírus a canais de transmissão específicos. “Podemos observar que existem clados distintos com trajetórias de transmissão muito distintas entre hospedeiros”, comenta Ford.
O grupo recentemente conectou a morte de uma pessoa na Louisiana (EUA) por H5N1 a um clado que pode passar diretamente de ave para humano, sem precisar passar por outro animal.
Essas análises mostram como o vírus está encontrando estratégias para escapar do sistema imunológico, revela Ford, mas também mostram como a IA e a modelagem computacional podem ajudar os pesquisadores a rastrearem a evolução do vírus e, potencialmente, a desenvolver anticorpos mais eficazes.
O grupo descreveu uma abordagem que utiliza informações moleculares de cepas novas e emergentes para desenvolver tratamentos eficazes e direcionados.
“Podemos começar a gerar novas terapias com base nessas cepas? A resposta é sim, e podemos fazer isso rapidamente com o pipeline de IA que construímos”, ressaltou Ford.