Em um movimento histórico e proativo para proteger seu setor avícola dos efeitos devastadores da gripe aviária, a África do Sul está prestes a iniciar sua primeira campanha nacional de vacinação de aves. A campanha marca uma mudança crucial na estratégia de saúde animal do país, no combate à ameaça persistente da gripe aviária altamente patogênica (IAAP), uma doença que tem devastado populações de aves em todo o mundo.
O avanço veio após a emissão de uma licença de vacinação de aves para a Astral Foods Limited em 30 de junho de 2025, permitindo que a importante produtora de aves iniciasse a vacinação em uma de suas granjas de matrizes. A vacina — que tem como alvo específico a cepa H5 do vírus — já está sendo usada com sucesso em vários outros países com programas avançados de controle da gripe aviária.
A fase inicial da campanha envolverá a vacinação de 200.000 matrizes de frangos de corte, representando aproximadamente 5% do plantel total da Astral Foods, que tem um valor de mercado de cerca de R$ 35 milhões. Essas matrizes são uma parte crucial da cadeia de produção, e protegê-las é visto como fundamental para garantir o fornecimento sustentável de aves em todo o país.
O Ministro Steenhuisen enfatizou a importância de criar imunidade ao rebanho para minimizar perdas.
“O surto de 2023 resultou no abate de milhões de aves, levando a graves interrupções no fornecimento de produtos avícolas. Isso teve consequências terríveis não apenas para os avicultores, mas também para os consumidores, que enfrentaram preços exorbitantes e acesso limitado a ovos e frango”, observou.
Parceria para a Resiliência Nacional
A campanha está sendo lançada como um esforço colaborativo entre o Departamento de Agricultura, Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural (DALRRD) e a indústria avícola sul-africana. A iniciativa é sustentada por um objetivo comum: proteger a cadeia de valor da avicultura, que gera milhares de empregos e contribui significativamente para a segurança alimentar do país.
“Esta iniciativa não visa apenas proteger as aves, mas também proteger os meios de subsistência, a nutrição e a estabilidade econômica das pessoas”, disse Steenhuisen.
A indústria avícola da África do Sul enfrentou inúmeros desafios nos últimos anos. O surto de 2023 forçou o abate de milhões de frangos, deixando um impacto duradouro na indústria e nos consumidores. Na época, o país dependia fortemente de proibições de importação, restrições de circulação e estratégias de abate que, embora eficazes até certo ponto, não eram sustentáveis como soluções a longo prazo.
A vacinação emergiu como a próxima fronteira no manejo de doenças aviárias, seguindo avanços científicos e modelos internacionais bem-sucedidos. A adoção dessa abordagem pela África do Sul sinaliza sua prontidão para se alinhar às melhores práticas globais e reduzir a dependência de medidas de contenção reacionárias.
Implicações Internacionais: Proibição da Avicultura Brasileira
A urgência da campanha é ainda mais reforçada pela suspensão das importações de aves do Brasil, um dos maiores fornecedores da África do Sul. A suspensão foi decretada em maio de 2025, após um surto de gripe aviária H5N1 no Brasil, confirmado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária do país em 15 de maio.
Como resultado, a África do Sul agora depende ainda mais da estabilização de sua produção avícola nacional, o que torna essa campanha de vacinação não apenas oportuna, mas também economicamente crítica.
Embora a licença atual abranja apenas uma fazenda da Astral Foods, autoridades indicaram que uma estratégia nacional de vacinação mais ampla está em desenvolvimento. Isso potencialmente incluirá poedeiras, outras operações com frangos de corte e avicultores de pequena escala, assim que os dados de segurança e eficácia do programa piloto forem revisados.
Protocolos de biossegurança, rastreamento de dados e mecanismos de monitoramento estão sendo implementados para garantir o sucesso da campanha e proteger contra consequências não intencionais, como mutação viral ou resistência à vacina.
O Ministro Steenhuisen concluiu pedindo a colaboração contínua dos setores público e privado para construir uma indústria avícola resiliente e autossuficiente:
Nosso objetivo é nunca mais nos encontrarmos em uma situação em que tenhamos que escolher entre a saúde pública e a disponibilidade de alimentos. A vacinação é um divisor de águas.