No fechamento de 2020, os preços do milho sofreram leve arrefecida, recuando em torno de 6% em relação ao mês anterior. Mas isso em nada alterou a situação observada no decorrer de todo o exercício. Tanto que o grão básico da produção avícola acumulou variação anual de 53,22%, superando de forma significativa a inflação que, pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas, correspondeu a menos da metade da variação de preço do milho (mais exatamente, 23,08%, o mais elevado índice de inflação dos últimos 18 anos).
O pior é que nos últimos três meses o milho permaneceu com um índice de preços superior ao da inflação acumulada em toda a vigência do real, isto é, desde meados de 1994. E breve demonstração do significado desse comportamento é dada pela relação entre milho e ovo: ao ser implantado o atual padrão monetário brasileiro, uma caixa de ovos (30 dúzias) adquiria cerca de 2,5 sacas de milho de 60kg; em dezembro passado foram precisas duas caixas (ou seja, o dobro) para adquirir o mesmo volume de milho.
Naturalmente, a culpa por esse desempenho não é toda do milho: o ovo também vem caminhando mais lentamente que a própria inflação – o que significa que registra preços reais decrescentes, dos quais o consumidor final é o principal beneficiário. Assim, frente a uma inflação de 824% no real, os preços do ovo evoluíram menos da metade, exatos 400% até dezembro.
Nada disso, porém, significa que o frango vivo esteja em situação melhor. Ela é, pode-se dizer, menos ruim, pois, comparativamente aos 824% da inflação, os preços da ave viva evoluíram 643%. Ficam, assim, 243 pontos percentuais acima do ovo, mas ainda 181 pontos percentuais abaixo da inflação
Já em relação ao preço do milho a diferença é de 263 pontos percentuais. O que permite concluir, também, que para adquirir o mesmo volume de milho de 1994, o produtor do frango necessitou, em dezembro de 2020, de um volume de aves vivas mais de um terço maior.
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