Mesa-redonda reunirá especialistas para discutir avanços da genética, bem-estar animal e consumo consciente durante o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio.
A evolução do mercado de proteína animal nos últimos dez anos e as perspectivas para a próxima década serão temas da mesa-redonda “Proteína Animal, da genética ao consumidor final – a revolução das percepções!”, que integra a programação do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA). O evento, que chega à sua décima edição, será realizado nos dias 22 e 23 de outubro, no Transamerica Expo Center, em São Paulo (SP), e deve reunir mais de 3 mil mulheres do setor.
Participarão do debate a vice-presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Ana Cláudia Mendes Souza; a gerente de Promoção Comercial e Marketing da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ísis Sardella; a supervisora de Serviços Genéticos da Agroceres, Natália Irano; e a head de Agricultura Regenerativa da Nestlé, Bárbara Sollero. A moderação será conduzida por Lívia Machado, diretora de Marketing e Projetos da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS).
Os avanços genéticos no Brasil contemplam bovinocultura, suinocultura e avicultura. Segundo Ana Cláudia, os principais marcos dessa evolução incluem a seleção genômica, que acelera o progresso anual em relação à seleção tradicional; o uso de biotecnologias reprodutivas, que ampliam a disseminação de genética superior; e programas de melhoramento que priorizam características como eficiência, precocidade e rendimento de carcaça.
“Podemos citar também a digitalização de dados e a integração de informações de performance com bancos nacionais que conectam rebanhos, históricos de pedigree e fenótipo. Todos esses avanços possibilitam animais com melhor desempenho e menor variabilidade entre lotes”, destaca.
Na suinocultura e avicultura, Ísis Sardella lembra que o Brasil se consolidou nas últimas duas décadas como uma das principais potências mundiais em genética animal, resultado da combinação entre tecnologia, pesquisa e programas de melhoramento genético conduzidos por empresas globais com operação no país.
“O Brasil abriga centros de excelência em genética de aves e suínos, com biotecnologia de ponta e manejo integrado de dados, o que proporciona ganhos expressivos em produtividade, eficiência alimentar e sustentabilidade ambiental. No caso das aves, houve avanços notáveis em conversão alimentar, ganho de peso diário e rendimento de carcaça, graças a linhagens mais adaptadas ao clima tropical e resistentes a enfermidades”, explica.
Na suinocultura, ela reforça que o melhoramento genético resultou em animais mais precoces, eficientes e com melhor deposição muscular, impactando diretamente a qualidade da carne e a sustentabilidade da produção. “O Brasil hoje produz mais proteína com menos recursos, reforçando seu compromisso com a segurança alimentar global e a redução da pegada ambiental”, acrescenta.
Natália Irano ressalta que a seleção para novas características — como longevidade e robustez —, somada ao uso da genômica, tem garantido ganhos consistentes e mantido o Brasil entre os países mais competitivos na produção de carne suína.
“O custo de produção do suíno é fortemente influenciado pela alimentação, e a genética tem papel decisivo na eficiência alimentar. Há dez anos, um suíno precisava de 5 a 7 quilos de ração a mais para atingir 120 kg do que hoje. Com o crescimento mais rápido e o uso otimizado das instalações, o suíno atual é mais magro, com carne de melhor qualidade e maior rendimento de cortes nobres”, explica.
Rastreabilidade e sustentabilidade
Ana Cláudia avalia que até 2035 a produção mundial de carnes e proteínas deverá crescer substancialmente, impulsionada pela demanda dos países emergentes e pela busca por dietas mais nutritivas. “O Brasil poderá se consolidar como fornecedor prioritário de carne de qualidade rastreável e certificada em sustentabilidade, graças aos investimentos em genética e rastreabilidade. O mercado exigirá cada vez mais carne de baixo carbono, com bem-estar animal e alimentação renovável, e quem não se adaptar será penalizado em preço. A genética continuará sendo um pilar estratégico, ainda mais relevante quando integrada à sustentabilidade, rastreabilidade e tecnologia digital”, afirma.
Ísis complementa que a rastreabilidade avança de forma gradual e consistente na cadeia de proteína animal, especialmente nos segmentos ligados à produção industrial e exportações. “No Brasil, o tema é parte estratégica da gestão sanitária e da transparência da produção, com controle coordenado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e complementado por iniciativas das empresas do setor”, diz.
“As cadeias de aves e suínos contam com rastreabilidade consolidada desde a origem genética até o processamento, garantindo segurança e qualidade aos mercados interno e externo. O avanço é impulsionado por exigências de exportação, certificações de sustentabilidade e pela demanda crescente dos consumidores por transparência”, acrescenta Ísis.
Natália reforça que a rastreabilidade evolui impulsionada pelas demandas internacionais de consumidores que buscam alimentos seguros, sustentáveis e transparentes. “Na suinocultura, sistemas digitais e bancos de dados integrados já permitem acompanhar o animal desde a genética até o consumidor final. A rastreabilidade genética é o ponto de partida para uma cadeia mais sustentável e responsável, que melhora o bem-estar animal, reduz perdas e otimiza recursos naturais”, pontua.
Consumo consciente e bem-estar animal
Em relação ao bem-estar animal, Ana Cláudia afirma que o tema se tornou requisito de mercado e de consumidores exigentes, sobretudo nos países importadores. No Brasil, especialmente na pecuária de corte, há adesão crescente a práticas que reduzem o estresse, como melhoria das instalações, vacinação preventiva, nutrição equilibrada e manejo de conforto. “Eventos e fóruns internacionais discutem a integração entre genética, rastreabilidade e bem-estar como condição para o progresso sustentável da pecuária brasileira, embora ainda existam desafios como custos de adaptação e lacunas de capacitação técnica entre pequenos produtores”, avalia.
Para Ísis, o país tem avançado de forma consistente nessa frente, com práticas de manejo baseadas em ciência e capacitação contínua. O setor adota normas alinhadas à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e mantém diálogo constante com o MAPA e instituições técnicas para atualização de padrões.
“Nos próximos anos, a tendência é de evolução gradual, acompanhando as demandas de mercado. A incorporação de novas tecnologias de ambiência, manejo e monitoramento deve ampliar a eficiência e o conforto animal, consolidando uma cultura de responsabilidade e boas práticas, que já faz parte da produção brasileira”, explica Ísis.
Natália acrescenta que os programas de melhoramento genético de suínos têm incorporado características de comportamento e bem-estar no processo de seleção. “Com o uso de dados objetivos e em larga escala, podemos estimar o valor genético de animais mais adaptáveis e menos suscetíveis ao estresse, melhorando o bem-estar e o desempenho produtivo. Esse é um campo em evolução, e os próximos dez anos prometem avanços ainda mais expressivos, alinhando genética, sustentabilidade e ética na produção de proteína animal”, conclui.
Inscrições abertas
A expectativa deste ano é receber mais de 3 mil congressistas na edição especial do CNMA 2025. As inscrições já estão abertas, com um lote promocional disponível em: https://www.mulheresdoagro.com.br/inscricao.
Evento: Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio
Data: 22 e 23 de outubro de 2025
Local: Transamerica Expo Center – Av. Dr. Mário Vilas Boas Rodrigues, 387 – Santo Amaro – São Paulo/SP
Informações e Inscrições: www.mulheresdoagro.com.br
Instagram: @congressodasmulheresdoagro