O Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) realizou na terça-feira (7) nova reunião técnico-científica de trabalho, no âmbito das ações desenvolvidas pela Comissão Assessora de Virologia criada pelo órgão sanitário com a missão de trocar subsídios e informações técnico-científicas para atender a saúde animal e proteger a produção agropecuária na Argentina.
Nesse sentido e com o objetivo de monitorar e avaliar o estado da situação epidemiológica da Gripe Aviária Altamente Patogênica (HPAI) na Argentina, o encontro contou com a presença do veterinário Vladimir Savić, PhD em virologia molecular, com extensa trajetória como consultor e especialista em doenças de aves há mais de três décadas. O Dr. Savić foi membro de vários projetos de pesquisa regionais e internacionais de HPAI, além de ser um colaborador científico da Rede de Influenza Aviária (Avian Influenza Network, OFFLU) da OMSA/FAO. Atualmente trabalha no Instituto Veterinário Croata, Zagreb Poultry Center.
O especialista vem trabalhando e pesquisando sobre o comportamento da doença no mundo. Vale ressaltar que a Croácia teve um surto de HPAI em 2005 e foi um dos primeiros países do continente europeu a experimentar as consequências do vírus cuja origem remonta a 1996 na China.
Durante a troca de experiências, onde as equipes do Senasa foram lideradas por sua presidente, Diana Guillén, seu vice-presidente, Rodolfo Acerbi, a diretora nacional de Saúde Animal, Ximena Melón, e a diretora geral de Laboratórios e Controle Técnico, Ana Nicola, compartilharam a dissertação proferida pelo especialista croata sobre a evolução da doença que afeta as aves e seu efeito nas aves migratórias, da Ásia para a Europa primeiro, depois para a América do Norte, até chegar aos países da América do Sul.
“Queremos que esses grupos de trabalho com contribuições internacionais compartilhem conosco suas experiências para encontrar possíveis soluções levando em consideração as particularidades de nosso país”, disse Acerbi sobre a teleconferência.
“Se estudarmos as diferentes ondas e a propagação do vírus H5N1, especialmente desde 2005, quando o detectamos em Cisnes, na Croácia, veremos como se desenvolve a progressão. Foi quando detectamos que a doença passou para as aves silvestres e a partir daí avança por correntes migratórias, a cada dois anos, com maior intensidade. Em 2014, por exemplo, foi o pico mais alto, depois em 2016 com mais agressividade, espalhou-se por outros países europeus e entrou pela primeira vez no continente americano”, explicou Savić, lembrando que tanto países europeus como Alemanha, França ou Croácia, assim como Estados Unidos e Canadá, lutam há vários anos com essa dificuldade que afeta a indústria avícola.
Da mesma forma, o especialista destacou que esses países se acostumaram a ter estações onde ocorrem surtos, na primavera e no verão, e com base nisso, estão tomando medidas para fortalecer a biossegurança nas granjas comerciais.
A esse respeito, Acerbi afirmou que “desde 2002 temos observado como a doença avançava na Europa e nos Estados Unidos e como ela se aproximava do nosso país. Não nos pega de surpresa . A Argentina pode ter que se acostumar a ter a doença presente no verão. É importante que possamos aproveitar a experiência internacional para podermos tomar as melhores decisões, reforçar o trabalho com o setor privado em matéria de prevenção, e continuar a reforçar as nossas ações nas zonas fronteiriças, e em cada uma das regiões mais vulneráveis”.
A conversa oportunizou ainda a partilha de experiências quanto às metodologias de colheita de amostras, diagnósticos em Laboratório, bem como a análise prospectiva de como a doença pode se desenvolver no país e na região.
Comissão Consultiva de Virologia em Sanidade Animal e Vegetal
O Senasa iniciou os trabalhos da Comissão Consultiva de Virologia em Sanidade Animal e Vegetal, no dia 30 de janeiro em sua sede, onde foram analisadas e traçadas diretrizes de trabalho.
Participam profissionais das diretorias nacionais de Saúde Animal e Proteção Vegetal e gerais dos Laboratórios Senasa; o Centro de Virologia Humana e Animal (CEVHAN), o Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet), o Instituto de Pesquisas Virológicas do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) e o INTA Castelar.
Os membros da Comissão se comprometeram a trabalhar em questões específicas previamente identificadas pelo Senasa para dar suporte técnico-científico para a prevenção ou controle – conforme o caso – de vírus e bactérias.