Do preço do café ao do ovo, produtos seguem no foco das discussões da população brasileira devido aos altos custos.
Nesta semana a população brasileira se assustou – ou lhe caiu a ficha’ – sobre o aumento dos preços dos ovos nos supermercados.
E não é só o ovo. Quem costuma tomar o seu sagrado café diariamente também está tendo que pagar mais caro pelo produto.
Inclusive o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou sobre o preço dos ovos. Ele disse ontem, quinta-feira (20), reconhecer que o preço dos ovos está caro. Ele atribui a inflação do alimento às exportações e diz que vai procurar os atacadistas para reduzir os valores nas gôndolas.
“É um absurdo”, disse Lula sobre o preço dos ovos. O presidente afirma ser um consumidor de ovos e diz estar estarrecido com a inflação do alimento. “Eu sei que o ovo está caro. Quando me disseram que estava R$ 40 uma caixa com 30 ovos, é um absurdo”, observou em entrevista à Rádio Tupi FM, do Rio de Janeiro.
Lula citou a gripe aviária nos EUA como determinante. Ao mencionar o encarecimento dos ovos, o presidente destacou que os países passaram a importar os ovos brasileiros. “O Brasil virou quase o supermercado do mundo. Nós queremos discutir com os empresários para que eles exportem, sem deixar faltar para o povo brasileiro”, afirmou.
Ele disse ainda que vai planejar reuniões para discutir o assunto. “Nós vamos ter que fazer uma reunião com os atacadistas para discutir como podemos trazer isso para baixo. O fato de você estar vendendo o produto em dólar, que está alto, não significa que você tem que colocar no preço do brasileiro o mesmo preço que exporta.”
No detalhe
Preço do ovo é o mais alto em 22 meses. O levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) mostra que o preço da caixa com 30 dúzias saltou 61% no período, de R$ 134 para R$ 227. O calorão, o preço do milho e a proximidade da Quaresma aparecem entre os fatores que contribuíram para a elevação.
O Presidente reforçou que questões climáticas impactam a inflação. Lula afirmou que “momentos muito cruciais” afetaram o Brasil nos últimos meses. Ele cita o calor, as queimadas e as chuvas como vilões para a inflação dos alimentos. “Tudo isso tem interferência nos preços”, avaliou ele durante a entrevista.
O preço dos ovos brancos aumentou 69% entre janeiro e fevereiro para o revendedor. O preço da caixa com 30 dúzias saltou de R$ 134 para R$ 227. A alta foi de 61% para os ovos vermelhos: passou de R$ 156, em 17 de janeiro, para R$ 252 um mês depois. O UOL calculou a média dos preços do ovo branco e vermelho com base em um histórico de preços informados pelo Cepea, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, que informa os valores cobrados entre abril de 2023 e fevereiro deste ano.
Altas temperaturas influenciam na produção
Para quem ‘é do setor’ já sabe o impacto das altas temperaturas na produção avícola de postura. As altas temperaturas registradas no início do ano afetaram a produtividade das aves, impactando diretamente a oferta e os custos de produção.
O milho também ficou mais caro. A alimentação das galinhas é à base de soja, que fornece proteína, e milho, o carboidrato responsável por dar energia às aves. O preço da saca de 60 kg vem aumentando desde setembro do ano passado, quando rompeu a marca de R$ 60 e não parou de subir. Este mês custava R$ 79 —32% de aumento. “A elevação dos custos tornou inevitável o repasse para o consumidor final, o que onera o produtor”, afirma o Instituto Ovos Brasil .
A volta às aulas também eleva o preço do ovo. “A demanda por ovos tem aumentado gradualmente, impulsionada pelo retorno das aulas, já que o ovo é uma proteína amplamente consumida nas merendas escolares, e pela recuperação do consumo pela população em geral”, diz Claudia Scarpelin, pesquisadora da área de ovos da Cepea. “Esse desequilíbrio entre oferta e demanda por ovos tem resultado na elevação dos preço”.
Se o preço dos ovos seguirá em alta até pelo menos o final da quaresma, que estas altas nos preços, não só dos ovos, como do café, como exemplo de dois produtos tão consumidos e básicos na dieta do brasileiro – sirva de alerta.
O impacto global com as altas temperaturas veio para ficar. Ela bate à nossa porta, grita e clama por atenção. Não há mais espaço para ‘fazermos de conta’ que não é conosco. São precisas ações emergenciais visando o futuro não só do agronegócio como do próprio planeta. Não há mais margem para erros nem medidas equivocadas.
As decisões – políticas e econômicas – estão em nossas mãos e influenciam diretamente no valor da resposta àquela pergunta semanal: “no crédito ou no débito?”.