Revolução das máquinas chega às granjas capixabas

Produtores de aves de corte e de ovos apostam na sustentabilidade, no bem-estar animal e na adoção de novas tecnologias

Com a automação dos processos e investimentos em novas tecnologias, o Espírito Santo tem revolucionado a indústria avícola, garantindo produtos de alta qualidade.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 7,6% da produção de ovos no Brasil saem de granjas capixabas.

Em 2022, foram produzidas cerca de 334 mil dúzias de ovos de galinha, o equivalente a mais de 4 milhões de unidades.

O diretor-executivo da Associação dos Avicultores do Espírito Santo (Aves), Nélio Hand, explica que grande parte dessa alta produção se deve à adoção de tecnologias avançadas.

Atualmente, cerca de 90% da produção no Espírito Santo é automatizada, eliminando o contato humano com os ovos e garantindo distribuição mais rápida.

“Toda essa mecanização está em conformidade com as normas de biossegurança e bem-estar animal”, complementa Nélio Hand.

O diretor da Aves também destaca outros modelos de criação que estão surgindo e beneficiando principalmente os consumidores.

“Entre os 10% restantes da produção, cerca de 7% correspondem a sistemas manuais. De acordo com nossos levantamentos, 3% já adotaram os sistemas de produção cage-free ou free-range, nos quais as aves são criadas soltas. Todos esses sistemas atendem a nichos específicos, enquanto a produção automatizada supre a maior parte da demanda”, detalha.

As granjas do Grupo Venturini, em Domingos Martins e Marechal Floriano, na Região Serrana do Estado, já adotam a automação há mais de cinco anos. Mas o bem-estar animal é o carro-chefe para melhorar a produção.

Aliado à tecnologia, com o uso de tablets e linhas inteligentes de alimentação, o sistema cage-free foi implementado, destaca o proprietário da Ovos da Nonna, Fellipe Venturini.

“Nossos planos envolvem aumentar ainda mais a automação. Mas nossa maior inovação está na forma como criamos as galinhas. Priorizamos o bem-estar animal e a sustentabilidade. Estamos implementando energia solar nos galpões, permitindo que as aves vivam em um ambiente que se assemelha ao seu habitat natural”, conta.

Como forma de aproximar os clientes do processo produtivo, uma loja da marca foi criada em Marechal Floriano. Nela, cartazes explicativos mostram o método de produção dos ovos.

Fellipe Venturini, proprietário da Ovos da Nonna: “Trabalhamos para evitar o estresse animal, que interfere diretamente no sabor dos ovos”. (Divulgação)

“Atualmente, estamos produzindo em média 13 mil caixas de ovos vermelhos por mês, totalizando mais de 4 milhões de ovos. Embora sejamos considerados pequenos produtores em termos de volume, nossa prioridade é a qualidade e não apenas a quantidade”, afirma Venturini.

A empresa Kifrango, em Linhares, no Norte do Estado, tem investido em equipamentos modernos para aumentar a produção.

“Em 2020, inauguramos uma fábrica de ração equipada com tecnologia avançada, como carregamento e mistura automatizados”, informa o diretor de Produção Rural da Proteinorte, dona da Kifrango, Hércules Marin.

O diretor também destaca que está prevista a construção de um incubatório em Sooretama, na Região Norte, onde a empresa planeja implementar nova metodologia de seleção de ovos de alta qualidade.

“Os pintinhos que nascerão no local terão alto controle sanitário. Estamos construindo uma estrutura para atuar em todas as etapas da produção avícola”, ressalta Marin.

Maior produção

Curiosamente, está no Espírito Santo o maior polo produtor de ovos do país: Santa Maria de Jetibá, na Região Serrana. A atividade é tão importante para o município que representa 58,46% do valor bruto da produção agropecuária da cidade, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag).

A região abriga 91,88% da produção comercial de ovos do Estado, distribuída em 125 propriedades.

Apesar de Santa Maria de Jetibá também produzir café e hortaliças, Nélio Hand observa que a avicultura tem um impacto surpreendente na economia local, gerando empregos diretos e indiretos para os 42 mil habitantes.

A avicultura de corte também tem presença significativa. De acordo com a Seag, em 2021, foram abatidas 136.480 toneladas de frango, resultando em uma receita de R$ 742 milhões.

A atividade teve crescimento de 60% desde 2014, saindo de 85.819 toneladas para 136.480 toneladas. Em 2022, o Espírito Santo exportou 8.693 toneladas de carne de frango, movimentando US$ 16,68 milhões.

Segundo a Aves, o setor avícola gera 25 mil empregos e contribui para a renda de mais de 100 mil famílias em todo o Espírito Santo.

Um ponto de preocupação que afeta os produtores atualmente é o surgimento da gripe aviária, que teve o primeiro caso em pássaro silvestre registrado no Espírito Santo em maio de 2023.

O Brasil, porém, continua livre da Influenza Aviária na criação comercial e mantém-se certificado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

Para evitar que a doença se espalhe, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) e o Serviço de Aprendizagem Rural (Senar) têm adotado medidas preventivas.

Os médicos-veterinários do Idaf foram capacitados para lidar com a doença e trabalham em conjunto com a Aves, seguindo os protocolos do Ministério da Agricultura e Pecuária.

O Senar desenvolveu um material informativo para os produtores, destacando ações de controle da doença, como restrição de acesso de pessoas não autorizadas, limpeza e desinfecção de veículos e equipamentos, prevenção de contato com outras espécies, monitoramento da qualidade da água e atenção aos sinais de doenças nas aves.

O governo do Estado também adotou estado de emergência zoossanitária. A medida permite agilizar as ações de combate à doença.

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