Nos últimos meses, as exportações brasileiras de ovos com destino aos EUA dispararam.
As tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos contra produtos do Brasil têm efeito nulo para a Global Eggs, companhia de ovos do empresário brasileiro Ricardo Faria, que atua no mercado americano. O impacto pode ser até “um pouco positivo”, uma vez que eleva os preços do produto nos EUA, disse ele durante evento promovido pelo Santander ontem, terça-feira (19/8).
“A Global Eggs é três vezes maior do que a operação (da Granja Faria) no Brasil”, ressaltou o empresário. “Mas para o Brasil (a tarifa) é uma pena”, acrescentou.
Nos últimos meses, as exportações brasileiras de ovos com destino aos EUA dispararam, em meio ao surto de gripe aviária no mercado americano.
Faria lembrou que o setor trabalhou por anos para conseguir abrir essas portas, então, agora “é uma pena” que os EUA se fechem, avaliou.
“E quando (os EUA) se fecham, toda a expansão que a gente fazia no Brasil, a gente tira o pé”, disse.
Impulsionadas pela forte demanda dos Estados Unidos, as exportações brasileiras de ovos cresceram 304,7% em julho, em relação ao mesmo período do ano passado. O volume dos embarques chegou a 5.259 toneladas, de acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A nova tarifa contra o Brasil passou a valor a partir de agosto.
Expansão
Ainda durante o evento, Faria destacou que a Global Eggs vai seguir com seu processo de internacionalização e, após uma série de aquisições, a receita com “moeda forte” – como dólar e euro – já representa 80% do faturamento da companhia.
O negócio mais recente foi a compra da El Granjero, uma granja familiar com pelo menos três unidades de produção na região de Cuéllar, com duas plantas na província de Segóvia e outra em Valladolid, conforme reportagem do Valor. O anúncio foi feito na semana passada e o valor da operação não foi revelado.
Faria afirmou, no evento, que iniciar o processo de expansão pela Europa foi uma estratégia acertada e, atualmente, o grupo conta com sete operações no continente. “Somos o maior produtor de ovos da Europa”, disse ele.
Um entrave, no entanto, é a dificuldade para a obtenção de licenças ambientais para crescer no mercado europeu e para a instalação de granjas. “A única maneira de fazer expansão lá é através da aquisição”, enfatizou.
Já nos EUA, o cenário é mais favorável para conseguir as licenças e não há problema com granjas ou matéria-prima, mas Faria acredita que se trata de um mercado “muito nervoso”, mas suscetível a alterações.
Ainda assim, a meta do empresário é que a Global Eggs se consolide no setor de ovos no Ocidente.