Levantamento mostra que 41% dos supermercados informaram sobre seus avanços nos compromissos firmados até 2030.
Em 2024, a produção de ovos no Brasil cresceu 10% e superou as 57, 6 bilhões de unidades, colocando o País na quinta posição do ranking dos maiores produtores mundiais. O consumo interno cresceu 11,2%, para 269 unidades por habitante ao ano, de acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Neste cenário a quantidade de ovos vindas de galinhas livres de gaiola ainda é pequena, respondendo por cerca de 5% da produção nacional, mas tem crescido motivada por campanhas de conscientização sobre o bem-estar animal.
É o que mostra a 2ª edição do Observatório do Ovo, realizado pela organização Alianima, que aponta que as empresas varejistas estão avançando em seus compromissos de vender apenas ovos produzidos por galinhas criadas em sistemas livres de gaiolas até 2030 ou antes.
Compromissos com sistemas livres
No Brasil, desde 2015, mais de 150 empresas dos setores alimentício e de hotelaria assumiram o compromisso de utilizar e vender apenas ovos produzidos por galinhas criadas em sistemas livres de gaiolas até 2030 ou antes. Destas, 17 são redes varejistas e atacadistas, segmento alvo do Observatório do Ovo, que dá visibilidade aos compromissos públicos voltados ao bem-estar animal destas empresas.
Nesta edição, 41% das redes supermercadistas convidadas responderam ao questionário sobre o desenvolvimento de seus compromissos. O número é maior que o do ano passado, quando apenas 26% participaram da pesquisa. Segundo a Alianima, essa mudança reflete maior engajamento e transparência no tema.
“Com o compromisso de apenas uma rede de supermercados, é possível atingir milhares de consumidores e impactar positivamente a vida de um grupo enorme de animais, já que a comercialização de ovos inteiros impulsiona diretamente a criação de oferta por parte dos produtores”, explica Maria Fernanda Martin, zootecnista e gerente de relações corporativas e bem-estar animal da Alianima.
Custos mais altos
Diferente do levantamento anterior, em que as dificuldades mais comuns encontradas na transição para ovos livres de gaiolas eram a falta de conhecimento pelos consumidores e o alto custo do produto, nesta edição o principal desafio relatado pelos supermercados foi o alto custo do produto, especialmente diante de fatores externos e incontroláveis, como o surto global de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), e o aumento nos preços de insumos como milho e soja. A diferença de preço em relação aos ovos convencionais ainda representa um fator decisivo na escolha do consumidor.
Ainda assim, quatro redes conseguiram finalizar a transição antes de 2030: Casa Santa Luzia, St. Marche, Cia Beal de Alimentos e Empório Varanda. “As redes mais engajadas vêm atuando não apenas na logística e compra, mas também na comunicação clara com os consumidores, explicando o impacto positivo de sua escolha. Isso tem contribuído para um aumento perceptível na conscientização sobre os tipos de ovos disponíveis”, afirma Maria Fernanda.
No levantamento, a percepção positiva do consumidor foi apontada por 100% dos respondentes como um dos principais efeitos da transição para ovos livres de gaiolas, repetindo o resultado da edição anterior do relatório.
Outras 12 grandes redes supermercadistas do Brasil têm sido contadas pela Alianima nos últimos anos para a publicação de um compromisso de vendas de ovos livres de gaiolas. São elas: Assaí Atacadista, Atacadão, Costa Atacadão, Koch Supermercados, Grupo Mateus, Super Muffato, Grupo Pereira, Mart Minas Atacado e Varejo, Savegnago, Sonda Supermecados, Supermercados BH e Tenda Atacado.