A quarta edição do Simpósio do OvoSite consolidou o evento como um dos mais importantes encontros da postura comercial do Brasil. Realizado no dia 9 de agosto dentro do Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura – SIAVS 2022, teve como tema “Inovações na produção de ovos” e contou com a presença de mais de 250 participantes.
“O Simpósio é um marco de tendências para um setor que vem crescendo e se transformando exponencialmente ao longo da última década. Grandes nomes da nossa postura participaram com o propósito de compartilhar e construir novas visões para os caminhos de uma das cadeias produtivas mais importantes para a segurança alimentar do país”, avaliou Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e do conselho do Instituto Ovos Brasil (IOB).
Santin salientou que a parceria entre a ABPA e a Mundo Agro nasceu do interesse de ambos de fomentar e mostrar ao Brasil e ao mundo a força e a importância do nosso setor de produção de ovos. “Força essa que em breve irá atingir a marca de 1% em exportação de ovos e ovoprodutos”.
Mediado pelo Jornalista Otávio Ceschi Júnior, o evento teve a presença do presidente da Granja Mantiqueira, Leandro Pinto, que falou sobre os desafios da granja do futuro; Ricardo Faria, da Avícola Catarinense, trouxe em sua apresentação as inovações do campo à mesa; Enquanto Anderson Herbert, da Naturovos, explanou sobre o cenário das exportações e a utilização do sistema de integração para a produção de ovos comerciais; finalizando as plenárias John Freshel, Big Dutchman, apresentou os novos modais de galpões para a produção de ovos em gaiola e piso.
“É com muita emoção que retornamos presencialmente aos eventos, estar lado a lado ainda é uma sensação que não pode ser substituída. E hoje nos reunimos para debater nosso setor, sabemos que a gôndola do ovo se modernizou, vemos um novo mercado, mais moderno, tecnificado e evoluído”, falou Otávio Ceschi Júnior na abertura do evento.
O novo modelo de produção deve ser mais sustentável
Em sua apresentação, Leandro Pinto, presidente da Granja Mantiqueira, destacou a busca da empresa pelo melhor processo de produção. “Procuramos por técnicas mais sustentáveis e em visita a empresas na Alemanha vimos o surgimento de galpões automatizados, os galpões do futuro. Acreditamos nesse projeto e no seu resultado a longo prazo, por isso, trouxemos essa tecnologia para a nossa empresa no Brasil”.
Uma produção de sucesso demanda por um equipamento que cuide da sustentabilidade e do bem-estar animal. Surgem novas tendências todos os dias, é preciso acompanhá-las sem desprezar o modelo atual de produção, mas é preciso ter consciência de que as gaiolas não são mais um modelo vitorioso.
“Sabemos que para ser uma empresa que produza e atenda ao novo consumidor precisamos ter uma produção que acredita na sustentabilidade e no bem-estar animal. É um modelo que acreditamos e estamos fazendo acontecer”, explica Pinto.
Trabalho em conjunto alinhado ao futuro
Anderson L. Muller Herbert, gerente comercial da Naturovos, falou sobre a importância dos produtores parceiros e o papel da empresa como plataforma de exportação e hub de conexão com os grandes mercados do Brasil e do mundo.
“Todas as nossas granjas são certificadas cage-free, atualmente são mais de 700 mil aves livres de gaiola. Acredito que os números estão começando a dizer que o mercado está mudando, e nós precisamos admitir que a mudança já ocorreu e que os consumidores estão dispostos a buscar algo a mais”, explica Herbert.
Pioneira, a empresa realiza integração de mais de 90 produtores parceiros, com um plantel de 720 mil aves livres de gaiola. Esse trabalho impacta o desenvolvimento e geração de renda nas propriedades, incentiva e apoia à produção sustentável, por famílias e pequenos produtores em áreas rurais. Além do apoio técnico constante aos produtores e processamento de ovos rigoroso garante qualidade e segurança para os clientes e consumidores.
“Os EUA estão com 35% da sua produção em cage-free. Eles são os maiores produtores do mundo e exportam 2,2% entre ovos e ovoproduto. No Brasil iniciamos janeiro com volumes muito grandes, e as indústrias começaram a se movimentar. De janeiro a julho 250 milhões de ovos foram exportados, e o país está caminhando para atingir a meta de 1% e esse volume irá ajudar muito o mercado interno”
O gerente salienta que quando o país começar a ter uma política de mudança da matriz de produção e apostar fortemente em exportação o mercado irá se sustentar. “Precisamos pensar que a longo prazo a exportação irá garantir a sustentabilidade da produção nacional. O mercado todo está conectado e ações isoladas não funcionam. Quando trabalhamos em conjunto e entendemos que a avicultura de postura é uma só, vamos começar a crescer”.
Inovações do campo à mesa
Com a pandemia aumentou o consumo da proteína dentro de casa, atenuando inicialmente a crise no setor. “Entendemos que o Brasil é um país de baixa renda e que o consumidor ainda prefere a proteína mais barata. E no caso do ovo sem gaiola, existe um aumento nos preços, o que torna essa opção de proteína pouco atrativa para o consumidor com renda comprometida”, explicou Ricardo Faria, da Avícola Catarinense.
Outro desafio são as altas concentrações de aves em um mesmo espaço. “Nesse sentido, inovações são importantes na questão sanitária, uma vez que falhas sanitárias aumentam os casos de mortalidade”, explica Faria.
Para o executivo, o setor precisa andar para frente em união, tomar decisões estratégicas em conjunto, e ter consciência de que decisões isoladas não vão fazer nenhuma diferença para o desenvolvimento do setor.
“No futuro a proteína do ovo continuará sendo difundida, mas não podemos esquecer da renda. Só haverá aumento de consumo se existir aumento da renda do consumidor. Por isso, é importante que o produtor acompanhe os índices, para evitar uma produção sem escoamento. É necessário que o setor tenha essa preocupação com a renda do consumidor, só assim haverá um aumento de produção e consumo de forma sustentável”, explica Faria.
Novos modais de galpões para a produção de ovos em gaiola e piso
John Freshel, Big Dutchman, apresentou os novos modais de galpões para a produção de ovos em gaiola e piso. “Esse modelo de sistema vertical proporciona maior durabilidade, escalabilidade, controle das aves, maior automatização, baixo custo operacional, maior controle de ambiente, integração dos sistemas, bem como coleta e acesso de dados. Esse é o caminho para que cada vez mais a produção seja eficiente e traga resultados”.
No entanto, para que esse modelo seja efetivo é preciso haver uma interconexão entre bem-estar animal, bem-estar humano, ambiente físico e social, proteína de qualidade a custo acessível e consumo segmentado.
“Existe uma pressão de custo nesse segmento, precisamos buscar alternativas para conseguir melhores resultados de produção, menor mortalidade, trabalho conjunto entre indústria e varejo, para atingir preços mais competitivos que beneficiem o produtor e o consumidor”, finaliza.
“Nosso setor está sedento por novidades, atualizações e crescimento. Prova disso é o auditório cheio em sua capacidade máxima. Voltamos com força total depois de anos de pandemia e queremos crescer juntos, levar nossa avicultura de postura para novos mercados, comunicar ao setor e aos consumidores brasileiros que buscamos fortalecer nossa marca, com o SIAVS, o Simpósio OvoSite e a Revista do OvoSite”, avalia Paulo Godoy, Publisher da Mundo Agro Editora.