Os preços da soja fecharam o pregão desta quarta-feira (10) com perdas fortes, variando entre 32 e 47,75 pontos nos principais contratos negociados na Bolsa de Chicago. As baixas vieram na carona de perdas intensas também entre os futuros do milho e do trigo, levando o contrato março a US$ 13,54 e o maio a US$ 13,52 por bushel. O agosto encerrou o dia com US$ 12,94.
O mercado foi intensificando suas baixas no início da tarde, sendo pressionado por movimentos técnicos, de realização de lucros e motivados por uma pressão mais acentuada no milho, que vinha recuando desde esta terça (9). Afinal, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) não trouxe o corte esperado nos estoques finais norte-americanos do cereal e pesou sobre seus preços.
Além disso, no caso da oleaginosa, os números foram conservadores – na correção para baixo dos estoques finais dos EUA e para cima em suas exportações – trazendo dados dentro das expectativas, o que também não deu espaço para ganhos muito expressivos.
Ainda nesta quarta, o USDA trouxe um cancelamento de uma compra de milho feita nos EUA, por destinos não revelados, de 132 mil toneladas, o que deu ainda mais espaço à intensificação das baixas em Chicago.
Paralelamente, o mercado ainda vai se ajustando ao início do feriado do Ano Novo Lunar na China, no dia 12, e que pode, mesmo que pontualmente, limitar a demanda e manter o mercado pressionado, caminhando de lado. Para Matheus Pereira, diretor da Pátria Agronegócios, essa desaceleração deve durar até os dias 22, 23 de fevereiro, quando na sequência os operadores chineses voltam com mais agressividade ao mercado.
“E temos convicção de que continuaremos a ver uma demanda muito agressiva tanto por soja, quanto por milho chinesa, mas com um nova característica. Essa demanda que ainda estava concentrada para os EUA se voltará para a América do Sul, em especial, para o Brasil. E isso explica parte das quedas que observamos em Chicago hoje, ao perceber que todo aquele pilar na demanda por grão americano, uma vez que a soja spot do Brasil já é mais barata que a norte-americana, assim como o milho para embarque a partir de julho”, diz.
Assim, Pereira destaca que o Ano Novo Lunar costuma ser a “virada da chave” para essa transição da demanda – dos EUA para o Brasil – para soja e milho.
MERCADO BRASILEIRO
Com a pressão de Chicago e mais o dólar em baixa frente ao real nesta quarta-feira, os preços cederam também no interior do Brasil. As perdas chegaram a 6,25%, como foi o caso de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, onde o preço encerrou o dia com R$ 150,00 por saca.
Nos portos, entretanto, os indicativos fecharam com estabilidade, e a soja spot valendo R$ 168,50 no porto de Paranaguá e R$ 167,00 em Rio Grande. Já para as referência março são R$ 167,50 e R$ 165,50 por saca, respectivamente.
No mercado nacional, uma das condições que mais exige monitoramento tem sido a movimentação dos prêmios. Os valores vem sendo pressionados já há algumas semanas, com uma demanda ainda lenta para embarques mais curtos no Brasil, e podem ser ainda mais pressionados na medida em que a colheita vai ganhando força no Brasil, ampliando os volumes disponíveis.
“São valores (de prêmios) de 20 a 25 centavos de dólar menores do que os registros de meados de janeiro. E essa fagulha (da notícia dos washouts) já era um reflexo de uma tentativa dos chineses de fazer uma correção dos preços dos mercados internacionais e dos prêmios”, acredita Mário Mariano, diretor da AgroSoya e da Novo Rumo Commodities. “Os chineses deram uma trégua nas compras de soja americana e brasileira, empenhando-se no mercado de milho, negociaram mais de 6 milhões de toneladas em um curto espaço de tempo somente nos EUA”.