Acompanhando boas altas na Bolsa de Chicago, os preços da soja no Brasil terminaram a terça-feira (23) em campo positivo e registrando ganhos de atpe 2,58% no interior do país, como foi o caso de Rio do Sul, em Santa Catarina, onde a saca ficou em R$ 159,00. As principais praças brasileiras de comercialização fecharam o dia com avanços consideráveis, de mais de 1%, bem como nos portos. Assim, as referências permanecem variando entre R$ 153,00 e R$ 165,00.
Nos portos, a alta foi de 0,61%, levando o spot em Paranaguá a R$ 166,00 e para março, R$ 165,00 por saca, enquanto em Rio Grande foram R$ 165,00 e R$ 163,00 por saca, respectivamente. Já no porto de Santos, em São Paulo, a alta desta terça foi de 4,24% para levar a oleaginosa a R$ 172,00.
“Tem comprador, mas não tem vendedor, e a tendência é essa, de que o mercado vá se firmando. Por enquanto, o mercado ainda é firme e segue positivo para os negócios em Chicago e no mercado brasileiro”, afirma o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Assim, segue o esforço dos produtores e das tradings para garantir o cumprimento dos contratos já firmados, evitando novos negócios. Em fevereiro, o Brasil deverá embarcar, ainda como explica Brandalizze, pouco mais de 2 milhões de toneladas, com um ritmo ainda lento diante das adversidades, contra 4,8 milhões de fevereiro de 2020.
As atuais condições, com o excesso de chuvas, prejudica não só o andamento da colheita, mas também dos embarques da soja nos portos, que estão muito atrasados em relação ao ano passado. “E isso deve ser regularizado em março, quando os portos estarão abarrotados de soja”, acredita o consultor.
BOLSA DE CHICAGO
Na Bolsa de Chicago, os futuros da oleaginosa fecharam o dia com altas de 15,25 a 22,25 pontos nos principais contratos, levando o março a US$ 14,06 e o agosto a US$ 13,52 por bushel.
O atraso da colheita e dos embarques no Brasil é um dos principais fatores de observação do mercado nesta semana. Paralelamente, as altas fortes do farelo e do óleo de soja na Bolsa de Dalian, na China, também favorecem o avanço dos futuros da oleaginosa na CBOT.
“A alta na Bolsa de Dalian é provocada pela expectativa de queda no recebimento de soja importada para as próximas semanas. O atraso na colheita no Brasil e movimentação do grão para os portos deverá reduzir de forma significativa o recebimento de soja na China nas próximas semanas”, diz a consultoria.
Os embarques de soja da China nos Estados Unidos ainda acontecem, porém, em menor volume. No Brasil, o ritmo ainda é limitado e o total já embarcado para a nação asiática é menor do que no mesmo período do ano passado em função do atraso da colheita e das adversidades climáticas para o processo dos embarques nos portos.
Assim, ainda como informa a Agrinvest, “tudo leva a crer que as indústrias na China deverão receber e processar pouco produto durante o mês de março, reduzindo seus estoques internos de farelo e óleo. Como resultado, a alta do farelo e óleo em Dalian traz melhora para margem de esmagamento local, fomentando a expectativa da demanda por grão importado”, explicam os analistas de mercado da Agrinvest Commodities.
As condições de clima para a América do Sul continuam, portanto, no radar dos traders, uma vez que há ainda pontos do Brasil onde o excesso de chuvas compromete o andamento da colheita.
Para os EUA, o cenário também é monitorado, uma vez que nos próximos meses o plantio da safra 2021/22 será iniciado, o tempo seco ainda preocupa em regiões do Corn Belt e do Delta, e a disputa por área entre soja e milho no país deverá ser bastante acirrada.
“A China está voltando com fome do feriado para comprar soja, milho, trigo, e a soja já supera os US$ 14 em Chicago. Os compradores estão querendo soja e não há ninguém querendo vender, pressão positiva no mercado internacional. E nos EUA, segue inverno polar e tudo indica que entraremos no mês de março com tudo congelado”, explica Brandalizze.