Nos últimos quatro anos de safras agrícolas, pesquisadores analisaram mais de 50 cultivares de soja em doze ensaios nos municípios de Campos e Macaé, localizados na região norte fluminense. “No caso da soja, chegamos a obter 6,3 mil kg/ha na safra 2019/2020 no município de Macaé, quando a média nacional é de 3,3 mil kg/ha”, aponta Jerri Zilli, pesquisador da Embrapa Agrobiologia (RJ). Das cultivares testadas, dez apresentaram bons resultados e superaram a média nacional.
Os resultados do estudo indicam 300 mil hectares com grande potencial de cultivo de soja na região norte fluminense, através de práticas e sistemas de cultivo mais adequados. “No Rio de Janeiro, podemos dizer que a soja é uma cultura que se desenvolve bem, desde que plantada do jeito certo”, diz a pesquisadora da Embrapa Claudia Jantália.
De acordo com os cientistas, a maneira mais assertiva nessa situação são os sistemas de plantio conservacionistas, que utilizam práticas agrícolas de baixo impacto, como por exemplo o plantio direto. Além disso, ainda é necessário considerar o estado de conservação do solo, já que a região fluminense está degradado tanto do ponto de vista da fertilidade quanto de processos erosivos. “Entendemos que o sistema de plantio direto e os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) em suas diferentes modalidades são os mais adequados, especialmente para aproveitar a cultura da região na criação de bovinos”, afirma Zilli.
Apesar de ser o segundo mercado consumidor de alimentos, o Rio de Janeiro não possui espaço significativo na produção agrícola, representando menos de 1% do PIB do agronegócio. Para Zilli, a produção de milho e soja no estado deve abrir novas oportunidades de inovação e desenvolvimento econômico a partir do agronegócio.
Os pesquisadores reconhecem que ainda é necessário o envolvimento do poder público por meio da elaboração de políticas públicas que possam encorajar os produtores. “Não podemos causar muita euforia, mas por outro lado, se não for agora, os materiais que foram testados e indicados pela pesquisa se perdem em cerca de três a cinco anos”, enfatiza Jerri.