Ontem, a terça-feira (04) chegou ao final com os preços do milho mais altos no mercado físico brasileiro. Em levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, não foram percebidas desvalorizações em nenhuma das praças.
Já as valorizações apareceram em Ponta Grossa/PR, Rondonópolis/MT, Primavera do Leste/MT, Itiquira/MT, Jataí/GO, Rio Verde/GO, Brasília/DF e Oeste da Bahia.
De acordo com o reporte diário da Radar Investimentos, “as cotações no mercado físico do milho tiveram poucas alterações nos últimos dias, ao redor de R$ 98 / 100 a saca. Os negócios estão travados com a retenção do produtor devido a insegurança do tamanho da produção brasileira e norte-americana. A firmeza dos futuros na B3 e na CBOT refletem esta insegurança”.
A segunda safra de milho está enfrentando dificuldades de desenvolvimento em razão da falta de chuvas nas principais regiões produtoras do país. Essa situação de chuva abaixo da média e umidade de solo reduzida levou a redução da expectativa da produção brasileira de milho para 102 milhões de toneladas de acordo com o Geosys Brasil.
Entre as regiões que mais sofrem neste cenário estão o Paraná e o Mato Grosso do Sul, que apresentam a menor umidade do solo dos últimos 30 anos e o mais baixo índice de vigor das plantas das últimas 5 safras.
Para a SAFRAS & Mercado, o mercado brasileiro de milho deve seguir com preços em patamares elevados. “O clima seco segue prejudicando a safrinha e pode contribuir para quebras ainda maiores nas lavouras, o que faz com que os produtores mantenham a estratégia de reter as ofertas”.
“O clima segue como uma variável chave para a evolução do mercado durante o mês de maio, com possibilidade de quebras ainda mais severas na safrinha em caso de manutenção de chuvas irregulares”, comenta o analista da SAFRAS, Fernando Henrique Iglesias.
B3
Os preços futuros do milho tiveram um dia de flutuações em campo misto na Bolsa Brasileira (B3), mas encerraram as atividades recuando. As principais cotações registraram movimentações negativas entre 0,49% e 2,13% ao final da terça-feira.
O vencimento maio/21 foi cotado à R$ 102,65 com desvalorização de 2,13%, o julho[ENA1] /21 valeu R$ 104,70 com perda de 0,59%, o setembro/21 foi negociado por R$ 103,01 com queda de 0,62% e o novembro/21 teve valor de R$ 103,89 com baixa de 0,49%.
Para o analista de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, a B3 segue na calmaria porque os grandes compradores estão retraídos neste momento esperando novas definições sobre o rumo da safrinha.
“O mercado perdeu o folego e não consegue avançar mais do que esses 103 ou 105 reais porque os compradores dizem que não vão pagar R$ 110,00 e pronto acabou. Com isso temos poucos negócios. Poucos vendedores de milho e poucos compradores. Mas o mercado segue firme”, diz.
Mercado Externo
Já a Bolsa de Chicago (CBOT) contabilizou grandes ganhos para os preços futuros do milho nesta terça-feira. As principais cotações registraram movimentações positivas entre 12,50 e 18,50 pontos ao final do dia.
O vencimento maio/21 foi cotado à US$ 7,44 com alta de 12,50 pontos, o julho[ENA2] /21 valeu US$ 6,96 com elevação de 17,25 pontos, o setembro/21 foi negociado por US$ 6,10 com valorização de 18,50 pontos e o dezembro/21 teve valor de US$ 5,80 com ganho de 17,50 pontos.
Esses índices representaram valorizações, com relação ao fechamento da última segunda-feira, de 1,64% para o maio/21, de 2,50% para o julho/21, de 3,21% para o setembro/21 e de 3,02% para o dezembro/21.
Segundo informações do site internacional Bloomberg, os futuros do milho apresentaram alta para US$ 7,00 o bushel, já que a seca em curso no Brasil ameaça a oferta do segundo maior exportador do mundo.
A publicação destaca que, os preços subiram até 2,1%, para quase a maior alta em oito anos. A seca está prejudicando a principal safra de milho do país, e as chuvas da próxima semana não atingirão algumas áreas importantes de cultivo, de acordo com Somar. Isso pode prejudicar ainda mais os rendimentos, e analistas como Safras e StoneX Brasil cortaram as estimativas para a próxima safra, o que aumentaria a escassez de oferta global de grãos e arriscaria aumentar ainda mais a inflação dos alimentos.
“A situação é crítica no Brasil. Isso deve prejudicar ainda mais o balanço global, enquanto os Estados Unidos terão que compensar parcialmente a queda nas exportações sul-americanas”, disse em um relatório o consultor Agritel, com sede em Paris.
A Agência Reuters Complementa que, apesar de essa ser a primeira vez desde 2013 que o milho ultrapassa os US$ 7,00 em Chicago, os preços em alta têm feito pouco para conter a forte demanda por milho usado para alimentação de gado e produção de etanol, abrindo a porta para o mercado ampliar os ganhos.
“Não houve destruição da demanda em meio à forte lucratividade para a produção de carne. Temos boa lucratividade animal e boa demanda agor”, disse Greg Heckman, diretor executivo da trader global de grãos Bunge Ltd.