A alemã Evonik Industries, uma das maiores fornecedoras de especialidades químicas do mundo, está reforçando presença no mercado sul-americano com a construção do primeiro centro de tecnologia aplicada (ATC, na sigla em inglês) no Brasil. O conjunto de laboratórios e plantas-piloto em Americana, interior de São Paulo, receberá cerca de R$ 20 milhões em investimentos e possibilitará à companhia estar mais perto de seus clientes na região, onde são pelo menos três as áreas estratégicas de crescimento: agronegócio, consumo e infraestrutura e mobilidade.
“São três vocações da região e estão no planejamento estratégico”, disse ao Valor o presidente da Evonik para América Central e do Sul, Elias Nahssen de Lacerda, referindo-se às áreas em que a multinacional têm mais atentamente olhado oportunidades nessas geografias. A instalação do centro de tecnologia, que já está em obras e deve entrar em operação no quarto trimestre, começou a ser discutida em 2018 e o avanço da pandemia de covid-19, no início de 2020, não interferiu na execução do projeto. “Chegou a hora de fazer na América do Sul”, afirmou.
No ano passado, a região formada por Américas Central e do Sul foi responsável por cerca de 5% do faturamento global da Evonik, que teve vendas consolidadas de € 12,2 bilhões e resultado antes de impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de € 1,91 bilhão. A multinacional atua em mais de 100 países.
Para 2021, conforme o executivo, a expectativa é de crescimento do faturamento no Brasil – a meta é sempre estar à frente da evolução do Produto Interno Bruto (PIB). No ano passado, as receitas recuaram, afetadas pela pandemia, mas menos do que o PIB brasileiro. Ao mesmo tempo, a operação local tem conseguido navegar “de forma positiva” pelo momento de desorganização da cadeia de suprimentos, graças ao planejamento assertivo no início da pandemia, avalia o executivo, que assumiu a presidência na região em outubro de 2019 e, em janeiro de 2020, já instalava um comitê de crise.
Em Americana, a Evonik conta com duas fábricas, inauguradas em 2014 e 2016, e vai centralizar seus laboratórios no país, que serão transferidos e modernizados. Com 2,3 mil metros quadrados de área total, o ATC abrigará oito laboratórios, voltados aos mercados de cuidados pessoais e do lar, poliuretanos, farmacêutico, agro, construção, de produtos à base de epóxi, tintas e nutrição animal. As plantas-piloto atenderão às áreas de nutrição animal e poliuretanos.
De acordo com o executivo, o centro trará agilidade ao processo de desenvolvimento de novos produtos, que acontece em laboratórios fora do país, e dará acesso dos clientes regionais à matriz global de tecnologias da empresa. Já há algum tempo, o principal interesse dos clientes diz respeito a como tornar seus produtos mais sustentáveis. “A sustentabilidade é o passaporte para uma empresa operar e será fundamental para o crescimento do país”, avaliou.
A escolha da cidade paulista levou em conta também a proximidade de universidades, indústrias, agronegócio, aeroporto, malha rodoviária e clientes. Em Americana, as unidades estão dedicadas à produção de ingredientes para cosméticos e produtos de cuidados para o lar e de sílicas.