Em fevereiro deste ano, o comportamento oposto dos mercados do frango vivo e do ovo (redução de preço do primeiro; forte alta no preço do ovo) fez com que este último registrasse a menor diferença de preço com o frango vivo em quase dois anos. Ou seja: no mês, o valor recebido pelo produtor pela dúzia de ovos (R$126,29/caixa) correspondeu a 86% do valor recebido pelo produtor do frango vivo (R$4,90/kg).
Mas foi só porque, pela média trimestral móvel, em 2022 e até aqui, os preços alcançados pelo ovo têm correspondido a não mais que 71,8% do preço alcançado pelo frango vivo.
Tal relação soa como um péssimo desempenho para o ovo. Mas, na verdade, não é muito diferente da média registrada nos pouco mais de cinco anos transcorridos entre janeiro de 2017 e abril de 2022: 73,7%, perto de dois pontos percentuais acima da média deste ano.
Além disso, a relação de preço observada nos primeiros quatro meses de 2022 vem sendo bem melhor que a registrada nos doze meses de 2021, a pior de todo o período analisado. Pois, no ano passado, o preço alcançado pelo ovo ficou, na média, a 65,3% do preço alcançado pelo frango vivo, resultado ainda aquém do observado em 2019, ano em que essa relação ficou em 65,4%.
De toda forma, nota-se que têm sido poucas as ocasiões em que o ovo alcança valores similares ou superiores aos do frango. No período analisado (64 meses) isso só ocorreu, por cinco meses consecutivos, em 2017 e, posteriormente, em 2020, no início da pandemia de Covid-19.
É interessante registrar que, nestes dois casos, o melhor desempenho do ovo teve causas diferentes. Em 2020, com o primeiro lockdown generalizado do Século XXI, o ovo foi o alimento de escolha imediata para uma população reclusa. Daí a explosão, mundial, de preços do produto. Já o excepcional desempenho de 2019 deve-se, exclusivamente, a ajustes na produção. Naquela ocasião, a dúzia de ovos chegou a superar em quase 15% o preço pago pelo frango – que, diga-se de passagem, não estava tão barato assim.