Até US$ 4 milhões estão sendo disputados por competidores que possam desenvolver e validar um protótipo funcional capaz de determinar o sexo de um pintinho antes da eclosão. Quem oferece é o Egg-Tech Prize (literalmente, prêmio de tecnologia do ovo), iniciativa administrada conjuntamente pela Fundação de Pesquisa em Agricultura e Alimentos (FFAR, na sigla em inglês) e pela Open Philanthropy.
O Egg-Tech Prize entra agora na segunda fase. A primeira, ainda em andamento, já classificou seis vencedores. Eles são relacionados a seguir e mostrados os processos que estão sendo financiados:
Universidade de Minnesota – Financiamento de uma plataforma de inteligência artificial para identificação rápida e não invasiva do sexo do ovo. Os cientistas estão desenvolvendo um scanner 3D para analisar a forma geométrica dos ovos e espectrometria de massa da reação de transferência de prótons para avaliar compostos orgânicos voláteis e outras moléculas.
Orbem AI –Desenvolvimento de tecnologia especializada que escaneia e classifica automaticamente os ovos sem tocá-los. A equipe vem usando tecnologia de ressonância magnética acelerada com inteligência artificial avançada. A abordagem de ressonância magnética permite que eles examinem o desenvolvimento de órgãos de embriões para detectar diferenças físicas entre machos e fêmeas sem penetrar na casca.
Microscale Devices LLC – Uso de tecnologia de mapeamento espectral multidimensional para identificar o sexo de ovos de 0 a 12 dias de incubação. A tecnologia dispara diferentes comprimentos de onda de luz no ovo e detecta os padrões de luz refratada. A inteligência artificial é então empregada para desenvolver uma impressão digital óptica, ou assinatura, que pode determinar o sexo dos ovos em menos de 5 segundos.
KU Leuven –Utiliza uma técnica de detecção volátil específica de gênero para determinar o sexo in ovo.
USDA-ARS – Utiliza fibra óptica e aprendizado de máquina para análise de voláteis para determinação do sexo in ovo.
SensIT Ventures Inc – Desenvolvimento de um sensor químico baseado em microchip para determinação do sexo in ovo em estágio inicial. A equipe está capturando e caracterizando os gases liberados individualmente pelos ovos durante o armazenamento e a incubação. Eles estão desenvolvendo um chip sensor químico para detectar os VOCs e usar o aprendizado de máquina para classificar os ovos por gênero.
Os responsáveis pelo prêmio lembram que a tecnologia in-ovo está atraindo atenção não apenas na sexagem de pintos, mas também nas estratégias de alimentação. Citam estudo publicado recentemente no Italian Journal of Animal Science, que explorou os benefícios da injeção de microalgas in-ovo (Spirulina Platensis) na eclodibilidade, expressão gênica relacionada a antioxidantes e imunidade, bem como no desempenho de pintos de corte.
“Se as incubadoras de ovos tivessem tecnologia que determinasse o sexo do ovo logo após a postura, mais de 6 bilhões de ovos machos poderiam ser usados para alimentação, ração animal ou produção de vacinas. Além disso, os ovos são incubados por 21 dias antes de eclodirem. Essa tecnologia pode reduzir muito o custo e a pegada de carbono da incubação de ovos de poedeiras, ao mesmo tempo em que libera espaço para a incubação de ovos “femininos” – aumentando a eficiência da produção”, ressaltam.
As estimativas sugerem que evitar o abate de pintos machos poderia representar economia de cerca de US$ 500 milhões para a indústria de ovos em termos de produto desperdiçado e utilização de mão de obra.
Eventuais novos participantes têm até o final de agosto para participar da competição. Clique aqui para acessar o site do Egg Tech Prize
Em tempo: todas estas iniciativas estão sendo desenvolvidas nos EUA. Na União Europeia também há uma corrida contra o tempo para desenvolver tecnologia específica visando à sexagem in ovo, pois, no bloco, há governos que já decretaram, para os próximos anos, a proibição de sacrifício dos pintos machos. Pelo menos uma empresa europeia – a alemã
Agri Advanced Technologies GmbH – já divulga equipamento específico (Cheggy) para a sexagem pré-eclosão.