Aguardam-se as contestações. Em Editorial publicado na edição da semana passada da Science Magazine, Thijs Kuiken e Ruth L. Cromie refutam a tese, mundialmente aceita, de que é a degradação do meio ambiente a responsável pelo aumento dos casos de Influenza Aviária: afirmam que a causa está na produção animal intensiva e ressaltam que a crescente produção e o comércio mundial de animais representam uma ameaça crescente de doenças infecciosas para a vida selvagem.
Para ilustrar, lembram que nos últimos 50 anos a população de aves cresceu, globalmente, 6,1 vezes – de 5,71 para 35,07 bilhões; a de suínos , 1,7 vezes – de 547,17 para 952,63 milhões; e a de bovinos, 1,4 vezes – de 1,08 para 1,53 bilhão. E concluem que “essas grandes populações de animais, conectadas através do comércio, formam reservatórios onde doenças infecciosas podem evoluir e se espalhar para a vida selvagem, ocasionalmente com consequências devastadoras”.
Citam alguns casos específicos, como a peste dos pequenos ruminantes e a peste suína africana. Mas, parece, isso não se aplica à Influenza Aviária que, tem sido amplamente demonstrado, se manifesta em maior escala nos períodos de migração das aves selvagens, subvertendo até os melhores esquemas de biossegurança.
Podem não estar errados ao afirmar que o vírus de alta patogenicidade da Influenza Aviária (HPAI, na sigla em inglês) se originou em aves de criação intensiva. Mas se isso de fato ocorreu (probabilidade remota) foi há muito tempo e, hoje, grande parte (senão a maior parte) das aves silvestres é portadora – de forma assintomática, em várias espécies – do vírus. Assim, não será reduzindo a criação intensiva – como defendem muitos ecologistas – que o problema será resolvido.
Clique aqui para conhecer melhor o que diz o Editorial da Science Magazine.