O Senasa conseguiu, por meio de acordos bilaterais com alguns países, que a Argentina possa continuar exportando produtos avícolas, apesar dos casos de gripe aviária ocorridos na esfera comercial. Segundo fontes ligadas ao órgão, trata-se de produtos in natura e processados, elaborados com certificado sanitário por área, aceitos por determinados mercados. Ali se especifica que os alimentos vêm de províncias que não tiveram casos da doença.
“Em relação à carne de aves in natura, o Senasa fechou recentemente acordos com cada parceiro comercial para continuar as exportações, como Hong Kong e Rússia”, mencionaram a este jornal. O documento faz a ressalva de que áreas afetadas pela doença estão excluídas. Trabalhos estão sendo desenvolvidos junto com o Ministério das Relações Exteriores buscando uma abertura mais ampla.
“Nos casos em que o produto a ser exportado passa por tratamento térmico (carne de aves termo processada, ovo em pó ou pasteurizado), uma vez que esse tratamento inativa o vírus HPAI [gripe aviária de alta patogenicidade], esses produtos podem ser exportados com as mesmas condições sanitárias especificadas nos certificados de exportação. O status de país livre de IAAP fazia parte dos certificados sanitários de exportação emitidos pelo Senasa
Desde os primeiros casos o Senasa vem trabalhando internacionalmente para reverter essa situação e negociar termos em diferentes acordos. Por exemplo, no dia 1º deste mês iniciou um trabalho junto ao Ministério das Relações Exteriores para estabelecer contatos com parceiros comerciais. Há negociações abertas para obtenção de novos certificados de exportação.
“Proximamente, entre os dias 19 e 22 de abril, o Senasa participará de uma reunião promovida pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) no México com todos os países americanos para fazer uma avaliação das diferentes ferramentas para combater esta doença, incluindo a vacina, e seu impacto no comércio. Em seguida, haverá outra reunião em maio, em Paris”.
Conforme explicaram a este jornal fontes do sector comercial, vêm sendo desenvolvidos esforços para obter um novo certificado especificando que o produto provém de um estabelecimento localizado em zona indene da doença. Ou seja, exportações serão feitas por meio de um “zoneamento” que especifica que o estabelecimento está livre de gripe aviária. No entanto, essas negociações podem levar de três a seis meses.
“Trabalhamos para poder negociar novos certificados com os países compradores e assim destravar a exportação de carne e ovos de aves por meio de certificações de outra natureza, como declarando que as aves vêm de uma área que não teve casos. Uma forma mais ágil de seguir em frente” , explicaram. Enquanto a Argentina passa por esse processo de negociação com alguns mercados, há países, dos 55 para os quais são enviados produtos avícolas, que aos poucos vão aderindo a esses acordos.
Até agora há conversas com a África do Sul para retomar as exportações e o mesmo vale para os embarques de genética para o Mercosul e México, além de produtos destinados ao Japão. Enquanto isso, aguarda-se a aprovação da China, o mercado mais importante do setor.
Segundo informações obtidas pelo La Nación, a Arábia Saudita permite o embarque de carne de frango e produtos frescos de locais livres da doença. O mesmo acontece com os produtos preparados para o Canadá. Os Emirados Árabes Unidos excluem as granjas ao ar livre de províncias em até agora afetadas. A Grã-Bretanha tem algumas exceções – de datas e tratamento de produtos -, o mesmo que Hong Kong, Nova Caledônia e até a Polinésia Francesa.
Neste contexto, até o início da semana haviam sido registradas mais de 700.000 aves mortas em seis focos detectados no setor comercial. Desse total, 30% morreram pela doença e os 70% restantes foram sacrificados para evitar maior disseminação do vírus.
Por meio de nota, Roberto Domenech, presidente do Centro das Empresas de Processamento de Aves (Cepa) destacou que o Senasa trata do assunto trabalhando de forma ordenada. “[As exportações] tiveram que ser suspensas, porque é uma doença de notificação obrigatória, você declara e você mesmo suspende”, explicou
Além disso, informou que todos os certificados foram alterados, pois os anteriores diziam que os produtos ou as aves dentro do container vinham de um país livre de gripe aviária. “Uma vez que já não estamos livres da gripe aviária, temos de declarar que as aves ligadas ao conteúdo deste container provêm de uma exploração que, nos últimos 30 ou 60 dias, não registrou nenhum caso positivo num raio de 10 ou 15 km “, disse.
“Essas modificações nos certificados são apenas o primeiro passo, pois o país importador deverá aprovar as novas condições e, para isso, solicitará um plano de trabalho e vigilância que leve ao controle e erradicação da doença. É aí que começam as verdadeiras negociações”, enfatizou.