Com a notícia da notificação positiva de gripe aviária em aves silvestres no Espírito Santo, outros estados produtores mobilizam ações de prevenção, diagnóstico e enfrentamento em possíveis casos da doença. No Rio Grande do Sul, essas medidas de fiscalização ocorrem desde novembro do ano passado, com a chegada da enfermidade a produções comerciais de países da América do Sul e, mais recentemente, a vizinhos como Argentina e Uruguai.
“As equipes técnicas da Secretaria da Agricultura estão preparadas, seguindo orientações do Ministério da Agricultura, que tem orientações bastante robustas em relação a isso. Há um acúmulo de conhecimento em casos como este e protocolos a serem observados e estamos absolutamente preparados para agir de pronto em relação a um fenômeno como esse”, destacou o secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, Giovani Feltes.
Equipes de vigilância da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi-RS) se revezam em fronteiras e em pontos de aves migratórias com observação em pontos de pouso dessas aves, como a Reserva do Taim e a Lagoa do Peixe, e na fronteira com Argentina e Uruguai.
Vigilância contra gripe aviária
Até o momento, a secretaria contabiliza 2.167 ações de vigilância ativa, com 1,72 milhão de aves observadas, cinco suspeitas fundamentadas e nenhum caso confirmado. Foram realizadas 1.548 ações de educação sanitária, com 793 mil pessoas alcançadas.
“Nós aumentamos a nossa capacidade de vigilância, aumentando número de equipes de vigilância, utilização de drones, embarcações. Nós vamos potencializando todas as ações procurando desenvolver consciência sanitária tanto na comunidade quanto na sociedade em geral”, considerou a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal (DDA), Rosane Collares.
Ações junto às granjas
Já o Serviço Veterinário Oficial tem atuado junto às granjas e estabelecimentos de venda de aves vivas, comunicação de risco e educação sanitária nos municípios, palestras técnicas orientando os produtores quanto às medidas de prevenção e à importância da notificação, vigilância em parques comunitários e atendimento de toda e qualquer notificação de caso suspeito.
Segundo a Seapi 239 mil estabelecimentos no estado têm algum tipo de atividade avícola e são 347 granjas comerciais. Nessas, foram coletadas até o momento 5.324 amostras. Não houve detecção de casos positivos de gripe aviária.
“A ocorrência em aves silvestres não altera a condição sanitária do Brasil em relação à influenza. Só haverá alteração nesse status se a doença ingressar na avicultura industrial. Não temos muito como evitar que o vírus entre, por conta da transmissão ser por aves migratórias, mas estamos vigilantes para a detecção precoce”, complementou a coordenadora do Programa Estadual de Sanidade Avícola, Ananda Kowalski.
Ovos, frangos e perus
O Rio Grande do Sul é o terceiro maior exportador de ovos, o terceiro maior produtor de frango de corte e o maior exportador de carne do peru do Brasil. A produção de carne de frango somou 1,7 milhão de toneladas em 2022, com uma Valor Bruto da Produção de R$ 8,45 bilhões. Nos ovos, são 3,5 bilhões de unidades anuais, que renderam ao estado R$ 863,8 milhões. Os abates de aves somam 820 milhões de cabeças por ano.
A Associação Gaúcha de Avicultura do Rio Grande do Sul (Asgav) destaca que o cenário já está na realidade dos produtores, que vêm adotando medidas de biosseguridade como proibir entrada de pessoas não autorizadas nas granjas e seguir todos os protocolos.
Alta dos custos no setor
O setor vem sofrendo com alta dos custos nos últimos anos e a combinação de fatores como pandemia, guerra na Ucrânia, valorização do preço do milho e, agora, a gripe aviária devem ser levados em conta. Mas o presidente da entidade, José Eduardo dos Santos, não acredita que esse cenário desestimule ainda mais os avicultores.
“Todo negócio tem um risco e, em relação à doença, estamos comprometidos, trabalhando com probabilidade alta de que ela chegue. O setor está preparado, fazendo sua lição de casa. A Asgav tem feito ações de comunicação, orientação e educação sanitária, mobilizando outras entidades do agro, como a Farsul, por exemplo. Temos mais segurança para continuar produzindo por causa da eficácia do nosso Serviço Veterinário Oficial, que está permanentemente atuando. Talvez seja esse o segredo do grande sucesso do Rio Grande do Sul hoje na avicultura”, frisou Santos.