Para evitar que o vírus se transforme em uma nova pandemia, os governos devem considerar a vacinação de aves contra a gripe aviária, que já matou centenas de milhões de aves e mamíferos infectados em todo o mundo, afirmou ontem Monique Eloit, diretora-geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA)
A gravidade do atual surto de gripe aviária, comumente chamada de gripe aviária, e os danos econômicos e pessoais que ela causou levaram os governos a reconsiderar a vacinação de aves. No entanto, alguns países, como os Estados Unidos, permanecem relutantes principalmente por causa das restrições comerciais que isso acarretaria.
“Estamos saindo de uma crise de COVID em que todos os países perceberam que a hipótese de uma pandemia era real”, lembrou Monique Eloit, à Reuters, em entrevista.
“Como quase todos os países que fazem comércio internacional já foram infectados, talvez seja hora de discutir a vacinação, além do abate sistemático que continua sendo a principal ferramenta (para controlar a doença)”, disse ela.
“Como quase todos os países que fazem comércio internacional já foram infectados, talvez seja hora de discutir a vacinação, além do abate sistemático que continua sendo a principal ferramenta para controlar a doença”.
Dra. Monique Eloit, Diretora Geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA)
Desde ontem (21), a OMSA, com sede em Paris, realiza uma sessão geral de cinco dias e se concentrará no controle global da gripe aviária altamente patogênica, ou IAAP.
Pesquisa realizada pela OMSA mostrou que apenas 25% de seus estados membros aceitariam importações de produtos de aves vacinadas contra HPAI.
Os 27 estados-membros da União Europeia concordaram no ano passado em implementar uma estratégia de vacina contra a gripe aviária.
A França, que gastou cerca de um bilhão de euros (US$ 1,10 bilhão) em 2021/22 para compensar a indústria avícola por abates em massa, deve ser o primeiro país da UE a iniciar um programa de vacinação, começando com patos.
“É nossa responsabilidade usar outras ferramentas que agora estão disponíveis, como a vacinação. E isso, para a saúde animal, para a saúde pública, mas também para responder aos desafios sociais”, disse o ministro francês da Agricultura, Marc Fesneau, no lançamento da Sessão Geral da OMSA.
Eloit opina que o movimento da UE em direção à vacinação pode levar outros a seguirem.
“Se um bloco como a UE, que é um grande exportador, começar a se mover nessa direção, terá um impacto de ricochete”, comentou.
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) disse à Reuters na sexta-feira que “no interesse de não deixar pedra sobre pedra na luta contra o IAAP, continua a pesquisar opções de vacinas que podem proteger as aves domésticas dessa ameaça persistente”. No entanto, ainda considera as medidas de biossegurança a ferramenta mais eficaz para mitigar o vírus em lotes comerciais, afirmou em respostas por e-mail.
O risco da gripe aviária para os seres humanos permanece baixo, mas os países devem se preparar para qualquer mudança no status quo, afirmou a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na opinião de Eloit, a vacinação deve se concentrar em aves criadas ao ar livre, principalmente patos, uma vez que a gripe aviária é transmitida por aves selvagens migratórias infectadas.
A cepa H5N1 prevalente no atual surto de Influenza Aviária foi detectada em um número significativo de mamíferos e matou milhares deles, incluindo leões-marinhos, raposas, lontras e gatos.