O sistema avícola brasileiro está analisando a possibilidade de iniciar um processo de vacinação de seu plantel comercial. Porém, o Brasil não é a favor da vacinação como forma de controlar a gripe aviária porque isso inevitavelmente levaria a barreiras comerciais, disse à agência de notícias Reuters um de seus altos funcionários.
O maior exportador mundial de aves confirmou oito casos de gripe aviária altamente patogênica (HPAI), comumente chamada de gripe aviária, em aves selvagens, incluindo um no estado do Rio de Janeiro na segunda-feira, mas não em um rebanho comercial.
“Atualmente, o Brasil está livre de HPAI. Se nosso status epidemiológico mudar e eventualmente decidirmos vacinar… temos um forte sentimento de que seremos submetidos a algumas barreiras comerciais”, disse o delegado brasileiro Eduardo Cunha na sessão geral da Organização Mundial para a Saúde Animal em Paris.
Quase US$ 10 bilhões em exportações de frango estariam em risco se a gripe aviária infectasse rebanhos comerciais no Brasil, que assumiu um papel crescente no abastecimento de aves e ovos do mundo, já que os importadores proíbem a carne de frango e peru de países com o vírus.
O lobby brasileiro do comércio de carnes ABPA, que representa processadores de aves e suínos, disse à Reuters em comunicado que apóia estudos para vacinação contra a gripe aviária, em linha com ideias defendidas pelo Conselho Internacional de Avicultura (IPC) e pelo Conselho Internacional de Ovos. A ABPA se opõe à imposição de barreiras comerciais a países que adotam estratégia de vacinação.
A gravidade do atual surto de gripe aviária levou alguns governos a reconsiderar a vacinação de aves , mas outros, como os Estados Unidos, permanecem relutantes principalmente por causa das restrições comerciais que isso acarretaria.
O Brasil exporta aves e produtos avícolas para mais de 130 países, o que tornaria as negociações com esses importadores para aceitar seus produtos vacinados “um grande desafio”, disse Cunha, que também é diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil.
Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal, apoia a realização de estudos sobre a vacina contra a Influenza Aviária, em linha com os pontos defendidos pelo International Poultry Council (IPC) e o International Egg Council (IEC). “Mesmo não demandando a medida para a sua própria produção – já que a estratégia brasileira é de monitoramento e de erradicação de eventuais focos – o setor produtivo brasileiro defende que não haja barreiras comerciais às nações que optarem pela adoção da medida”.
A ABPA recorda que a eventual adoção da vacina se dará estritamente por decisão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio do Plano Nacional de Sanidade Avícola.