O governo do Japão anunciou ontem a suspensão de compras de aves, carne de frango e ovos produzidos em Santa Catarina, após a confirmação, no último sábado, de um foco de gripe aviária em criação doméstica no Estado.
Apesar de somente 3% das compras japonesas de frango brasileiro terem origem na indústria catarinense, a medida pode pressionar os preços locais do produto, além de pesar sobre as cotações de frigoríficos na B3, como a BRF, conforme analistas. O Estado é o segundo maior produtor e exportador de carne de frango do país.
Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), lamentou a decisão do Japão e observou que a medida contraria a orientação da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que recomenda suspensão apenas se houver casos em plantéis comerciais.
“A decisão de agora mostra que eles (japoneses) entendem que um caso da doença em ave de subsistência e em ave comercial é a mesma coisa”, disse à reportagem. O Brasil não tem, até o momento, registro de foco em produção comercial.
No mês passado, o Japão também suspendeu a compra de aves do Espírito Santo, quando um foco de influenza aviária foi confirmado em uma criação de quintal.
Santin disse ainda que “é complicado para o Brasil ter uma redução do volume (de frango exportado) com um parceiro importante” como o Japão, por isso, a expectativa é que a demanda que seria atendida por Santa Catarina seja repassada a outros Estados com frigoríficos habilitados a exportar ao país asiático.
O Ministério da Agricultura brasileiro afirmou por meio de um ofício da Secretaria de Defesa Agropecuária que a decisão japonesa foi transmitida pelo adido do Brasil em Tóquio. “Informamos que o Mapa está realizando as gestões necessárias para prestar os devidos esclarecimentos às autoridades japonesas”, disse o governo federal no documento visto pela Globo Rural.
Ontem, à noite, em nota, o Ministério da Agricultura informou que enviou os esclarecimentos requeridos pelas autoridades japonesas sobre o caso e que “segue trabalhando para que o impacto das restrições seja o menor possível aos exportadores brasileiros”.
Na próxima semana, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, vai ao Japão, em uma viagem que já estava agendada antes da suspensão. Ele vai se reunir com autoridades japonesas em Tóquio no intuito de que o ministério da Agricultura, Florestas e Pesca de lá ajuste as exigências de importação de aves e às diretrizes da OMSA.
Segundo o ministério, na propriedade em Maracajá (SC), onde o foco da doença foi confirmado em aves de criação de subsistência, havia várias espécies de aves, como galinha, galinha-d’angola, faisão, ganso, pato, perdiz e peru. A propriedade está interditada e após a confirmação todas as aves foram sacrificadas, segundo a Pasta.
Na B3, as ações ON da BRF terminou o dia com baixa de 2,70%, após a notícia relacionada à gripe aviária.
(Colaborou Rafael Walendorff)