Segundo a empresa Climatempo, no dia 17 de setembro teve início uma das ondas de calor mais intensas já vividas pelo Brasil desde 2020 e que deve se prolongar pela primeira semana da primavera. Em algumas regiões do interior do Brasil (parte do Centro-Oeste, do Norte e do Nordeste), segundo a empresa de meteorologia, o fenômeno poderá se estender até quase o fim do mês.
Os produtores de ovos já sabem que as aves sofrem com o estresse calórico, quando a umidade relativa e a temperatura ambiente ultrapassam a zona de conforto térmico da ave. Os principais prejuízos causados pelo estresse calórico nas aves são perda da qualidade da casca do ovo, redução de consumo de ração, queda no ganho de peso, piora na conversão alimentar, má formação dos ossos e canibalismo, além do aumento da mortalidade.
Várias estratégias podem ser adotadas para o controle do estresse calórico em aves de produção, como a instalação de ventiladores e nebulizadores, a manipulação dos níveis nutricionais da proteína da dieta, o manejo do arraçoamento e da temperatura da água de bebida.
E um outro pronto que preocupa os produtores de ovos em períodos de calor extremo, é a garantia do balanço eletrolítico das aves, afetado pela alcalose respiratória. Segundo a zootecnista Larissa Gomides, que é mestre em nutrição de monogástricos, quando a ave procura restabelecer a sua temperatura interna através do aumento da frequência respiratória, ela acaba provocando perdas excessivas de dióxido de carbono (CO2).
“As reações químicas provocadas levam os rins a aumentar a excreção de bicarbonato e potássio, na tentativa de manter o equilíbrio na ave”, explica Larissa. “O problema é que o desequilíbrio eletrolítico provocado por todo esse processo, pode levar a ave a diminuir sua produção/desempenho e, até, morrer”, completa.
A zootecnista explica que os eletrólitos têm como função, manter o equilíbrio ácido-base corporal, sendo que o sódio, o potássio e o cloro são fundamentais para o balanço eletrolítico. Segundo ela, o cloreto de sódio, hoje utilizado como principal fonte de sódio e cloro nas dietas de aves, aumenta os teores de cloro e pode provocar queda no desempenho das aves.
Outro cuidado levantado por Larissa refere-se à manutenção do equilíbrio de potássio na dieta da ave, já que sua deficiência pode afetar profundamente as funções celulares das aves. Ela explica que as dietas que contém a farinha de carne e ossos reduzem a quantidade de farelo de soja em sua composição devido ao seu teor de proteína bruta.
“Uma estratégia para a manutenção do equilíbrio de sódio e do potássio nas dietas de aves é a suplementação via ração, ou água de bebida”, explica a zootecnista. “Fatores externos sugerem diferenças na resposta da suplementação de sódio e potássio nas dietas e dependem da temperatura ambiente, idade da ave e tempo de exposição a altas temperaturas”, completa.
“A formulação de rações com a adequada proporção de sódio, potássio e cloro reduz os impactos do estresse calórico e pode ser uma alternativa viável para evitar perdas de desempenho e mortalidade das aves”, explica Larissa. “E, facilitando ainda mais a vida dos produtores, hoje também existe a possibilidade da suplementação via água”, conclui a consultora técnica de aves na Agroceres Multimix.
Fórmulas para orientar o produtor no cálculo do balanço eletrolítico da ração podem ser acessadas em artigo técnico disponível no agBlog.