O Ministério da Agricultura da Rússia publicou decreto pelo qual as exportações de aves e ovos do país estarão proibidas pelos próximos 6 meses, a fim de trazer alívio de preços para o mercado interno.
A medida foi implementada pouco depois de uma reunião governamental em que o presidente russo, Vladimir Putin, questionou a lógica económica por detrás do aumento de 27% nos preços da carne de frango no país nos últimos meses.
Numa nota explicativa da decisão, o Ministério afirmou que os aumentos de preços estiveram principalmente associados a uma queda no desempenho da produção nos últimos meses e a um aumento nos custos de produção no contexto da fraca taxa de câmbio do rublo russo.
Analistas independentes russos atribuíram a turbulência de preços no mercado avícola principalmente a uma série de surtos de gripe aviária registados no país este ano.
A exportação é muito lucrativa?
“A situação atual contribui para a atratividade excessiva da exportação destes produtos [aves e ovos] em comparação com o fornecimento ao mercado interno, o que cria uma ameaça à segurança alimentar da Rússia”, afirmou o Ministério.
Durante a reunião, Putin sugeriu que o governo russo deve interferir para controlar a situação dos preços, inclusive através de importações de países vizinhos. Em resposta, Dmitry Patrushev, Ministro da Agricultura da Rússia, disse que o país já tinha começado a comprar aves na Bielorrússia e no Cazaquistão.
Contudo, a desvalorização da moeda russa este ano não desencadeou qualquer crescimento nas exportações de aves. No primeiro semestre de 2023, a Rússia exportou 148.000 toneladas de aves, o que representa uma redução de 7% em comparação com o ano anterior. Aproximadamente 78 mil toneladas desembarcaram na China, 30 mil toneladas na Arábia Saudita, 6 mil toneladas no Azerbaijão e volumes semelhantes no Vietnã e no Uzbequistão, informou o Kommersant, um jornal de negócios russo, citando dados oficiais.
As exportações russas de ovos ficaram em 570 milhões de unidades contra uma produção total de 46,1 bilhões, estimou Rosptitsesoyuz, sindicato russo de avicultores.
Não há escassez de aves
Os avicultores russos não comentaram a decisão do governo de proibir as exportações. Galina Bobyleva, diretora geral da Rosptitsesoyuz, porém, negou qualquer escassez no mercado interno.
“Hoje não há problemas com produtos avícolas no mercado alimentício, e não pode haver. Os avicultores têm todas as capacidades e reservas para satisfazer as necessidades da nossa população”, declarou Bobyleva ao Ria Novosti agência de comunicação estatal local.