A produção de rações para animais cresceu 1,9% no acumulado de 2023 até setembro, em relação ao mesmo período do ano passado, para 32,7 milhões de toneladas, estima o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações).
A menor fabricação de produtos para bovinos — tanto de corte quanto de leite — foi compensada por incrementos em todos os outros segmentos. No entanto, o aumento é “tímido” e reflete os problemas enfrentados por pecuaristas ao longo do ano.
A produção de rações para bovinos de leite caiu 1,1%, para 4,4 milhões de toneladas, enquanto a fabricação de rações para bovinos de corte recuou 5,1%, para 4,3 milhões de toneladas.
No caso das aves, a produção para frango de corte avançou 3%, para 27,5 milhões de toneladas. Para o setor de ovos, a oferta foi de 5,2 milhões de toneladas, aumento de 1%. As rações para suínos somaram 15,9 milhões de toneladas (+2,4%).
O segmento de rações para cães e gatos foi o que mais aumentou na relação anual, cerca de 6,3%, para 2,93 milhões de toneladas.
Os últimos anos não têm sido fáceis para a cadeia da pecuária, que inclui o setor de rações, afirma o CEO do Sindirações, Ariovaldo Zani. O segmento enfrentou o desarranjo global na cadeia de suprimentos no meio da pandemia, a volatilidade do câmbio e a alta dos preços dos grãos devido à guerra na Ucrânia.
Este ano, muitos produtores precisaram se equilibrar entre custos altos e preços em queda — caso principalmente dos produtores de leite e suínos, segmentos em que muitas fazendas quebraram em 2023, diz Zani. Segundo ele, a queda dos preços do milho e do farelo de soja nos últimos meses é importante e positiva para o setor, mas a indústria carregou estoques caros por longos meses, o que se reflete em custos maiores em todos os elos.
A tendência é que 2024 seja melhor para muitos segmentos — os que correm mais riscos são os produtores de leite e ovos, que exportam pouco e ficam mais expostos à demanda doméstica. Zani é otimista e projeta que o setor de rações pode crescer 2,5%.
A maior ameaça para o setor é o El Niño. “Me preocupa muito a produtividade e a disponibilidade dos principais grãos, afora questões de ordem econômica e política, como a reforma fiscal e tributária”, afirma o CEO do Sindirações.
Ariovaldo Zani frisa que, em anos de oferta menor, não faltaram grãos para a produção de rações. No entanto, é provável que os preços subam e pressionem a margem da indústria. Questionado se há espaço para repassar os aumentos aos clientes, o dirigente é enfático: “É mais um ano em que provavelmente teremos que absorver”.