A Raiar Orgânicos, uma das maiores produtoras de ovos orgânicos do país, vai acelerar o projeto de expansão de suas operações. A empresa acaba de concluir uma rodada de investimento em que levantou R$ 50 milhões, montante 25% maior que a meta inicial.
Participaram da rodada, ao todo, 24 investidores, e muitos deles fizeram o aporte na pessoa física. Estão na lista, entre outros, Pelerson Penido Dalla Vecchia, presidente do Grupo Roncador, Otavio Castello Branco, um dos fundadores do Pátria Investimentos, Fábio Barbosa, o principal executivo da Natura, e Ciro Echesortu, diretor-executivo do Ceibos Group, do Uruguai, e ex-presidente global da Louis Dreyfus Company (LDC), além do Sabi, um fundo de impacto suíço.
“O perfil dos investidores é um grande sinal de confiança na empresa”, disse Marcus Menoita, um dos fundadores da Raiar. “Nessa lista, só tem gente que sabe fazer conta”. Antes de criar a companhia com os sócios Leandro Almeida e Luis Barbieri, Menoita fundou a NovaAgri, empresa de armazenagem e logística agrícola que a Toyota comprou em 2015. Almeida também é egresso da NovaAgri, e Barbieri trabalhou por 15 anos na Dreyfus, da qual foi diretor de grãos e óleos.
A propriedade da Raiar em Avaré (SP), a cerca de 260 quilômetros da capital do Estado, é o centro da nova fase de expansão. A fazenda, de 170 hectares, já tem oito aviários de produção — cada um deles pode abrigar 20 mil galinhas — e dois de recria. O projeto original, anterior à entrada dos novos recursos, já previa uma estrutura com 32 aviários de produção e oito de recria, mas o andamento das obras agora vai se intensificar: a capacidade da fazenda vai dobrar nos próximos 12 meses.
O plano de expansão prevê que a fazenda, hoje o único local de produção de ovos da companhia, passará a responder por um terço do alojamento de aves. Serão, ao todo, 700 mil galinhas na propriedade quando todos os aviários estiverem prontos.
A Raiar pretende comprar mais uma fazenda, que abrigará outras 700 mil galinhas. “Ainda vamos definir o local, mas já sabemos que ela ficará perto de um grande centro consumidor”, diz Menoita. Em Avaré, ele observa, a companhia está a “três horas de estrada asfaltada” de São Paulo. “O ovo tem que chegar fresco ao consumidor”.
Para chegar a 2 milhões de aves de postura, o plano que a companhia apresentou aos investidores prevê a terceirização do alojamento das aves. Os fundadores da empresa explicam que não se trata de um regime de integração, bastante comum no segmento, porque a empresa não vai procurar avicultores para terceirizar a criação de galinhas. Em vez disso, ela vai trabalhar exclusivamente com produtores rurais que se dedicam a outras atividades e que nunca atuaram na produção de frango e ovos antes.
“Queremos evitar vícios de quem já atua na área. A avicultura orgânica é diferente da convencional”, afirma Luis Barbieri. A empresa vai criar uma espécie de “guia” com orientações detalhadas sobre a produção para orientar os futuros parceiros, e vai fornecer a ração orgânica que ela própria produz na fazenda de Avaré.
Fernando Bicaletto, executivo que assumiu a direção comercial da Raiar no início do ano passado, diz que a ideia é que a produção de ovos seja um complemento de renda para produtores rurais que se dedicam a outras atividades. A empresa ainda vai definir quanto pretende oferecer como remuneração aos futuros parceiros.
A empresa nasceu em 2020, quando os sócios levantaram um investimento de R$ 100 milhões. Em visita do Valor à propriedade em Avaré, mais de uma vez os sócios trataram a Raiar como uma empresa de proteínas, o que pode sugerir a ideia de ela entrar em outros mercados em algum momento no futuro. “É possível”, diz Barbieri. “Mas isso não está em planilha alguma. Nosso negócio é ovo. Queremos fazer isso bem feito”.