O presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos (Cseag), da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Paulo Bertolini, afirmou que são necessários investimentos anuais de R$ 15 bilhões para que o setor acompanhe o crescimento da agricultura do País, evitando um aumento do déficit de armazenagem de grãos. Este valor considera tanto os custos com equipamentos quanto as despesas com obras civis e infraestrutura e deveria estar contemplado no Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), que faz parte do Plano Safra 2024/25, a ser apresentado na próxima semana pelo governo federal.
A quantia desejada pela Câmara Setorial de Armazenagem seria mais do que o dobro do valor anunciado no ano passado para as duas modalidades do PCA: o principal, com R$ 3,8 bilhões, e o PCA até 6 mil toneladas, com R$ 2,85 bilhões. “Sem esses investimentos, o déficit de armazenagem só vai aumentar, resultando em prejuízos para os agricultores que não têm onde estocar sua produção”, alertou Bertolini.
Ele também mencionou a competição por recursos dentro do PCA como um desafio para o setor de armazenagem. Em sua visão, grandes cooperativas e usinas, que têm melhor acesso a financiamentos, muitas vezes consomem uma parcela significativa dos recursos, deixando pequenos e médios produtores sem acesso ao crédito necessário. “Isso é um problema recorrente e impede o avanço na capacidade de armazenagem, prejudicando especialmente os médios produtores, que dependem desses recursos”, explicou. Uma saída, em sua visão, seria reduzir o limite por tomador, hoje em R$ 50 milhões.
Para resolver essas questões, Bertolini sugere algumas medidas. Uma delas é dar prioridade ao financiamento de armazéns dentro das propriedades agrícolas. Atualmente, apenas 15% da capacidade de armazenagem está localizada nas fazendas. Ele cita exemplos de países onde essa participação é muito maior, como os Estados Unidos, onde é superior a 60%. “Armazenar dentro da fazenda é essencial para reduzir custos e melhorar a eficiência logística”, defendeu.
Outra sugestão é reduzir o prazo de pagamento dos financiamentos do PCA, que atualmente é de 12 anos. Bertolini argumenta que os bancos geralmente não financiam por mais de nove anos, o que torna o prazo de 12 anos irrealista e provoca efeitos negativos no cálculo da subvenção. “Reduzindo o prazo para oito ou nove anos, podemos otimizar a aplicação dos recursos e atender mais produtores”, afirmou.
Para ele, a principal preocupação do setor é o déficit de armazenagem de grãos, que tem se acentuado ao longo dos anos, prejudicando a eficiência e a competitividade da agricultura brasileira. Bertolini ressaltou que o PCA é fundamental para enfrentar esse desafio. No entanto, ele aponta que os recursos disponíveis têm sido insuficientes para atender à crescente demanda. “A agricultura brasileira cresce em média 10 milhões de toneladas por ano, mas a capacidade de armazenagem aumenta apenas metade disso, aumentando o déficit a cada ano”, afirmou. Atualmente, o déficit de armazenagem é de 120 milhões de toneladas, de acordo com o dirigente.