Embora boa parte da humanidade permaneça alheia à realidade, as previsões em relação ao clima do planeta são as piores possíveis. Aliás, nem podem mais ser consideradas previsões, pois já vivenciamos no dia a dia pequenas pílulas do que está por vir. E o que nos espera são, principalmente, uma carência generalizada de água e temperaturas ambientais extremas.
É sob esse panorama que – projeta-se – a carne de frango, já líder mundial na produção e no consumo, deve chegar a 2050 com uma disponibilidade pelo menos um terço maior que a estimada para 2021-2023, o que significa produzir volume superior a 180 milhões de toneladas.
Mas como alcançar essa produção em toda a plenitude se justamente o frango (mas também as poedeiras) são grandes conversores (e por isso extremamente dependentes) da água? Mais: como manter a produtividade atual frente às temperaturas extremas se, novamente, as galinhas não apenas são muito sensíveis às altas temperaturas ambientais, mas também têm uma temperatura corporal elevada em comparação aos mamíferos?
Pesquisadores da Estação Experimental de Agricultura da Universidade de Arkansas já se fizeram essa pergunta. Não agora, mas cinco anos atrás, em 2019. E para não ficar na pura especulação, iniciaram um trabalho de seleção e cruzamentos genéticos para tentar chegar a uma linhagem que apresentasse eficiência hídrica superior à das linhagens disponíveis na atualidade.
O relatório científico que acaba de ser divulgado é o primeiro do gênero – afirma nota da Universidade de Arkansas. E traz resultados mostrando que – a despeito do stress hídrico que, normalmente, atrasa seu desenvolvimento – aves desenvolvidas visando a um menor consumo de água continuam a ganhar peso.
Detalhando os resultados obtidos, a equipe de Arkansas acrescenta que os ganhos não se resumiram ao consumo hídrico, foram extensivos também ao consumo de ração. E, aplicando os resultados a um presumível lote de 50 mil frangos, afirmam que no primeiro mês de vida o consumo de água pode ser reduzido em cerca de 30 mil litros e poupadas mais de 8 toneladas de ração.
Clique aqui para acessar o release divulgado pela Universidade do Arkansas. E aqui para conhecer o trabalho científico publicado em Physiological Reports. São apenas sementes de um trabalho inicial que – espera-se – doravante se multipliquem.