As medidas preventivas são aquelas que, de fato, vão nos proteger. Esse é um trabalho contínuo que precisa ser repensado sempre”. A fala é de Tabatha Lacerda, segunda palestrante da manhã dessa quarta-feira (02/10), na Semana de Sanidade Animal.
Diretora administrativa do Instituto Ovos Brasil e coordenadora Técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Tabatha é zootecnista, com MBA em Avicultura Industrial e ESG, e há 26 anos atua na avicultura. No evento temático organizado pelo Sistema Ocepar e Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), a especialista falou sobre sanidade avícola como fator impulsionador da competividade e do acesso a novos mercados.
Tabatha abriu a apresentação mostrando a representatividade da ABPA, e destacando a vocação natural do país para a avicultura, pela combinação de fatores estruturantes como recursos naturais, disponibilidade de grãos (nutrição), integração da produção, investimento em tecnologia, status sanitário e flexibilidade para atender diferentes mercados.
“O Brasil tem grande capacidade de se adaptar, conseguimos atender diversos gostos, exigências e especificidade dos mais diferentes mercados externos”, afirma.
Destaque no mercado
Como lembra a coordenadora da ABPA, o Brasil é hoje o 2º produtor mundial de aves, com 14,8 milhões de toneladas o que representa 14,6% da produção global da proteína. O país é também o principal exportador de frango (responde por quase 37% das exportações globais), levando a produção a 150 diferentes países.
Os dados trazidos, mostram, também, o destaque da exportação de material genético (26,5 mil toneladas exportadas em 2023 a 71 países) e ovos, do qual o país é o 5º produtor mundial, tendo exportado 25,4 mil toneladas do produto no ano passado.
“Esses números revelam o peso que temos em relação à alimentação mundial, além de atendermos ao mercado nacional”, comenta a representante da ABPA. Porém, segundo ela, todo esse destaque também faz com que os olhos e a atenção do mundo se voltem com peso para o Brasil, em especial em relação à biosseguridade.
Atenção
Ainda de acordo com a zootecnista, as principais regiões produtoras – concentradas na região centro-sul do país – são as que mais preocupam o mercado externo. Pontuando a preocupação principal em torno da Influenza Aviária, Newcastle, também da Laringotraqueíte, Tabatha comenta que “quando há registro de um evento, os mercados fecham para o país imediatamente. Depois é que avaliam com mais detalhe. Esse fechamento reflete como uma sequência de dominós sendo derrubados em toda a cadeia”.
Segundo Tabatha, o mercado externo tem uma dificuldade grande em entender toda a dimensão do território brasileiro. “Então, quando há um evento em determinado local, há dificuldade em enxergar a que distância o ponto fica do resto da produção”, comenta.
É por isso que, segundo ela, há cerca de 4 anos a ABPA vem fazendo um trabalho de, por meio do Ministério da Agricultura, pedir que os países aceitem a regionalização, zonificação ou compartimentação.
Conexão
Na palestra, a coordenadora da ABPA também destacou os avanços em biosseguridade na avicultura brasileira, principalmente com as instruções normativas 56/2007, 3610 e outras orientações. “Os estabelecimentos fizeram investimento pesado e hoje estão todos registrados e seguindo as exigências”, diz.
Ela ainda falou a evolução na transparência dos dados de monitoramento, em tempo real; da linha de trabalho da ABPA quanto aos procedimentos de biosseguridade; e sinalizou a importância de se debater a redução do uso de medicamentos antimicrobianos e de se reforçar a necessidade de presença constante dos responsáveis técnicos (RTs) nos estabelecimentos.
“A sanidade depende de todo mundo. É uma responsabilidade compartilhada. Do profissional que atua no galpão até quem vai lá apresentar nosso produto para outros países. Se seguirmos atuando em consonância, setor público e privado, vamos seguir protegendo nosso produto e comprovando o alto nível de qualidade da nossa produção”, conclui a especialista.
Ao final da palestra, Valter Pitol, presidente da Copacol e responsável pelo painel da Avicultura na Semana de Sanidade Animal, parabenizou o trabalho da ABPA e do Governo Federal na defesa dos interesses da avicultura paranaense.
“Certamente a biosseguridade é a base da garantia na nossa permanência e da conquista de novos mercados. Vamos juntos fazer um trabalho cada vez melhor, pois isso tudo reflete lá no campo, para quem trabalha na ponta”, diz Pitol.
O presidente da Ocepar, José Roberto Ricken fechou o painel da manhã reforçando os avanços na sintonia entre as instituições. “Isso dá segurança para produzir. Organizar os produtores, dar qualidade assistência, tecnologia, buscar mercado e gerar oportunidade, em especial para os menores, não é trabalho fácil. Por isso, precisamos evoluir juntos. Isso tem que ser mantido e ampliado. Vamos firmes nessa direção”, conclui.