– Aconteceu nesta terça-feira, dia 3 de junho, no Memorial da América Latina, em São Paulo, o II Fórum Estadual de Influenza Aviária. A atividade, realizada pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) através da sua Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) em parceria com a Associação Paulista de Avicultura (APA) e da Câmara Setorial de Ovos e Derivados, contou com uma extensa programação com palestrantes nacionais e internacionais que abordaram diversos aspectos e características da doença que ameaça a avicultura em todo o mundo.
A atividade, que faz parte das ações educativas da Defesa Agropecuária para a prevenção da doença, contou com o apoio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas, Secretaria de Saúde (SES), Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (SEMIL) e também do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).
Estiveram presentes na abertura, Guilherme Piai, Secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo; Itamar Borges, deputado estadual; Marcelo de Andrade Mota, Diretor do Departamento de Saúde Animal do MAPA; Luiz Henrique Barrochelo, médico-veterinário e Coordenador da Defesa Agropecuária; Jessica Pires de Camargo, assistente da Coordenadoria de Controle e Doenças, que no ato representou o secretário de saúde, Eleuses Paiva; Silvio Húngaro, Presidente da Comissão de Agronegócio do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP); Erico Pozzer, Presidente da Associação Paulista de Avicultura (APA) e Cristina Nagano, Presidente da Câmara Setorial de Ovos e Derivados de São Paulo, da Comissão de Avicultura e Suinocultura da Federação de Agricultura do Estado de São Paulo (FAESP) e Presidente do Sindicato Rural de Bastos.
“Estamos aqui reunidos para trocar informações técnicas em um momento importante para a avicultura brasileira, após um caso recente da doença no Rio Grande do Sul que constatou que o serviço de defesa do país é muito eficiente, pois conseguiu conter a entrada da doença até o presente momento e também atingiu o seu objetivo que foi o de conter rapidamente o foco”, ressaltou Barrochelo em sua fala de abertura.
Dentre os temas abordados junto a uma plateia de mais de 600 pessoas formada por profissionais do setor avícola, estudantes, produtores e demais interessados, estiveram pautas relevantes que contextualizaram a incidência do vírus não só em aves, mas também em mamíferos, inclusive em humanos.
Wildo Navegantes, representando a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), apresentou uma linha do tempo da doença na região das Américas e expôs números a respeito dos casos confirmados no continente.
Em relação aos casos em humanos, Wildo trouxe números que revelam que de 2023 a 2025, foram 973 casos resultando em 470 mortes. “Em sua maioria, eram pessoas expostas a granjas avícolas ou provavelmente infectados em ambientes laborais em fazendas de vacas leiteiras”, comentou.
Na sequência, Esper Kállas do Instituto Butantan falou sobre o desenvolvimento da vacina contra a Influenza Aviária e suas perspectivas. Na ocasião, o Dr. Kállas expôs o portfólio de produtos já desenvolvidos pelo instituto e um panorama desde 2021, momento em que o Instituto conseguiu a pré-qualificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o início do desenvolvimento da vacina.
“Com a vacinação conseguiremos prevenir a infecção, a doença, quadros graves, complicações, hospitalizações e claro, mortes. Vacinas salvam vidas”, afirmou.
Representando a Secretaria de Saúde, a Dra. Telma Regina falou sobre o sistema de vigilância das síndromes respiratórias agudas que tem como objetivos identificar vírus circulantes, o acompanhamento de tendências de transmissão ao longo do espaço tempo e a avaliação dos fatores de risco e os possíveis impactos na população.
Da Universidade de Ohio para o palco do II Fórum, a Professora Dra. Luciana da Costa apresentou o acompanhamento das ocorrências do vírus da Influenza Aviária em bovinos nos Estados Unidos e sua transmissão para humanos. Em sua fala abordou as ocorrências de Influenza Aviária em bovinos nos EUA, apresentou dados a respeito da primeira notificação em bovinos (ocorrida em 25 de março de 2024) e apontou os prováveis modos de transmissão, sinais clínicos, além de trazer orientações de controle. “Estamos falando de uma doença universal e todos temos que falar a mesma língua quando estamos falando sobre prevenção”, disse.
Paulo Blandino, médico-veterinário e gerente do Programa Estadual de Sanidade Avícola (PESA) da Defesa Agropecuária reforçou as ações de vigilância ativa realizadas no Estado de São Paulo, que, desde 2024, já somatizam 3454 atividades. Além disso, Paulo informou que passou a ser obrigatório e verificado em fiscalizações em granjas de produção, a implementação de um plano de contingencia para IAAP e Doença de Newcastle, além de capacitação constante de colaboradores e funcionários acerca dos temas. “É necessário, mais do que nunca, que todos os envolvidos com o setor estejam cientes de todas as informações a respeito destas doenças”, afirmou.
Para falar sobre o Projeto de Monitoramento de Praias (PMP’s), Claudia Carvalho do Nascimento revelou dados que mostraram a abrangência dos programas, os quais monitoram, diariamente, 1.650 km de praias em todo o Estado. “De 2020 até o presente momento, nosso pessoal percorreu aproximadamente 485.000 km de praias, com 8030 acionamentos atendidos e 600 solturas realizadas”, revelou.
Claudia também abordou a questão do Sistema de Comando de Incidência, preparação das equipes e instalações e o trabalho conjunto que vem sendo desenvolvido junto às esferas federais e estaduais através do Serviço Veterinário Oficial (SVO).
Para encerrar, a Mestre Liliane Milanelo, no ato representando a SEMIL, falou a respeito do trabalho realizado no Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (CETRAS) como por exemplo, medidas emergenciais adotadas, grupos suscetíveis para a doença e os desafios enfrentados na prevenção da doença, que incluem o monitoramento de animais terrestres, a ausência de quarentenários e o fluxo de diagnóstico para animais no centro.
Para Maria Carolina Guido, médica-veterinária e diretora do Departamento de Capacitação e Educação em Saúde Única (DECESUN), o Fórum atingiu seu objetivo que foi o de propagar informações técnicas com credibilidade e segurança. “Palestras que se complementaram, participação do público, e um auditório lotado para ouvir falar de um assunto que diz respeito à saúde animal, ambiental e humana, ou seja, uma só saúde”. Esperamos todos em 2026 para o III Fórum”, celebrou.
“Parabéns pelo trabalho conduzido. Julgo que a estratégia de trabalho conjunto que estão realizando e construindo é um case de sucesso para a saúde única”, complementou Wildo Navegantes.
Fabio Gregori, Professor Dr. da Universidade de São Paulo (USP) e que acompanhou o Fórum da plateia, disse que a atividade foi útil não só pela atualização e novos aprendizados sobre a doença, mas também pelas ideias e problematizações que pretende multiplicar em sala de aula. “Vi uma Defesa parceira com o produtor e com várias outras instituições, comprometida, trabalhando com bases técnicas muito sólidas e transparentes. Que ótimo!”, finalizou.