2º Simpósio da Integração Logística do Sul reúne autoridades, entidades, setores privados e público para o debate do gargalo logístico da região.
Entra ano e sai ano, convenções e organizações realizam eventos e a conclusão sempre é a mesma: a logística é um grande gargalo brasileiro. O Movimento Pró-Ferrovias, formado por entidades empresariais e setoriais de Santa Catarina e do Sul do Brasil, promoveu na sexta-feira (14), em Chapecó, o 2º Simpósio da Integração Logística do Sul. O evento compôs a programação da Fetranslog 2025, realizado no auditório da Unochapecó, reuniu lideranças nacionais e regionais do setor produtivo, representantes de entidades empresariais, especialistas em logística e autoridades políticas dos estados do Sul e Centro-Oeste.
A iniciativa contou com o apoio de entidades que formam o Movimento Pró-ferrovias: a Associação Comercial, Industrial, Agronegócio e Serviços de Chapecó (ACIC); a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc); a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA); o Centro Empresarial de Chapecó (CEC); a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc); a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc); a Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) e o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne)
Com foco na integração logística e na competitividade do agronegócio e da indústria, o simpósio teve como objetivo promover reflexões e estimular ações concretas para o avanço da infraestrutura de transportes no país, especialmente no oeste catarinense, região estratégica para o escoamento da produção agroindustrial.
“Vivemos um momento em que a eficiência logística deixou de ser apenas uma vantagem competitiva e passou a ser uma condição de sobrevivência econômica. Nossa produção cresce, especialmente o agronegócio, que se expande de forma acelerada. O desafio do transporte seguro e sustentável se impõe como uma virada necessária”, frisou o executivo da ArcelorMittal, Marcelo Luís de Campos, na mediação do debate “Ponto de Virada: desafios e caminhos para o transporte seguro e sustentável”.
Participaram do primeiro painel e salientaram opiniões e experiências o diretor-presidente do Porto de São Francisco do Sul, Cleverton Elias Vieira; o diretor do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística de Chapecó e Região (Sitran), Marcos Antonio Barbieri; e o vice-presidente de Secretaria da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e presidente da Comissão Nacional de Infraestrutura e Logística da CNA, Mário Antônio Pereira Borba.
O diretor executivo da JBS/Seara, Arene Trevisan, representante da ABPA, palestrou sobre “Desafios para o abastecimento da indústria brasileira”. O palestrante alertou para o descompasso entre o crescimento agrícola e a infraestrutura de armazenagem e escoamento.
“O Brasil levou mais de 500 anos para chegar a 100 milhões de toneladas de grãos, mas menos de uma década para saltar de 200 para 300 milhões. A produção avançou 110%, mas a capacidade de armazenagem só cresceu 45%. Isso coloca enorme pressão logística sobre toda a cadeia. A gente não compra milho e soja, compramos uma promessa de solução logística e de plantio. Todo mundo faz seu negócio olhando para a logística, olhando para o que vai acontecer, e não apenas pela vontade de fazer uma venda, ” salientou Trevisan.
Argumentou que é necessário mostrar as situações que são vivenciadas ao poder público para que haja mais engajamento na busca por melhorias nos transportes de cargas.
O terceiro painel do evento, intitulado “Do Campo à Indústria: O Papel das Cooperativas na Cadeia de Abastecimento”, reuniu lideranças do cooperativismo do sul do Brasil para discutir os desafios e as contribuições do setor na consolidação de uma cadeia produtiva eficiente e sustentável. A mediação ficou a cargo do presidente da Aurora Coop, Neivor Canton, que conduziu o debate entre o presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), José Roberto Ricken, o presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Vanir Zanatta, e o presidente da Cooperativa Agroindustrial Alfa (Cooperalfa), Romeo Bet.
Canton explicou que é sempre necessário promover um diálogo qualificado com autoridades e lideranças para evidenciar como o cooperativismo é essencial não só para manter o homem no campo, mas também para desenvolver o empresário rural em seu próprio território e fortalecer a economia.
“O cooperativismo supera o modelo de negócios. É uma ferramenta poderosa de desenvolvimento social e econômico, que precisa de condições adequadas para continuar crescendo. Entre essas condições, destacam-se a infraestrutura, especialmente a logística ferroviária, que é fundamental para dar competitividade à produção no campo”, apontou o presidente da Aurora Coop.
Para encerrar o simpósio, o diretor de ferrovias da ACIC e da FACISC e coordenador do Movimento Pro-Ferrovias, Lenoir Broch, mediou o painel “A visão governamental sobre a logística integrada”. Foram convidados para compor as falas o secretário adjunto de logística e transportes do Rio Grande do Sul, Clovis Garcez Magalhães, o Secretário de Portos Aeroportos e Ferrovias de Santa Catarina, Beto Martins, e o diretor de operação da Ferroeste, Gerson Fabiano Almeida.
“Fazemos projeções para o futuro. Falamos de ferrovias pensando no futuro”, reforçou Broch ao ressaltar que o que foi abordado no evento é o quadro mais próximo da realidade. “Esse ação despertou uma série de outras oportunidades e atividades que estavam, eu diria, adormecidas, porque não havia iniciativa na área ferroviária até o movimento começar ou havia apenas pequenas iniciativas isoladas.”
O secretário de portos, aeroportos e ferrovias de Santa Catarina, Beto Martins, pontuou que é preciso ter uma frente regional para que o governo federal compreenda a demanda do Cone Sul “Eu sou muito sincero com vocês. Esses projetos vão adormecer em uma gaveta por muitos anos se nós não tivermos uma mudança radical no Brasil em relação à política pública para ferrovias.” Martins exemplificou que a integração é urgente e precisa ser contínua. Também lembrou que o projeto da ferrovia Chapecó-Correia Pinto será entregue em abril de 2026. “Nós encontramos o caminho certo, isso eu sei, o caminho da união dos estados”, concluiu o secretário.













































