Painel no espaço Agrizone reuniu pesquisadores, produtores rurais e representantes do setor financeiro para discutir soluções já em curso na agricultura tropical.
O painel “Fazendas e florestas podem coexistir? Lições do mundo real”, realizado na Agrizone, da COP30 em Belém, reuniu pesquisadores, produtores rurais, representantes do setor financeiro e da iniciativa privada para discutir desafios, oportunidades e soluções já em curso na agricultura tropical.
Ludmilla Rattis, pesquisadora do IPAM e moderadora do debate, perguntou a cada participante: “Qual problema da fazenda, empresa ou território você gostaria de ver resolvido nos próximos cinco anos?”
Engajamento da cadeia e rastreabilidade como oportunidade
Para Juliana Lopes, diretora de ESG, Comunicação e Compliance da Amaggi, o maior desejo é que “cada elo da cadeia reconheça sua importância e faça o que precisa ser feito”. Ela destacou que, hoje, 100% dos fornecedores diretos da empresa e 70% dos indiretos possuem rastreabilidade na produção.
“Vemos a rastreabilidade como ferramenta de mitigação climática, mas também como oportunidade para o produtor. Não é um processo simples, mas com apoio e parcerias, se torna possível”, afirmou.
Intensificação, regeneração e tecnologia
Produtor rural e diretor da Earth Innovation Institute, Antonio Lobato reforçou o papel da biodiversidade e da paisagem como base para adaptação e produção. Ele defendeu uma agricultura que integre tecnologia, manejo adequado e capacitação.
“Produzir na Amazônia exige harmonia entre homem, natureza e animal. Intensificação de pastagens depende de gente. Também precisamos democratizar a ciência e ampliar a assistência técnica para todos os perfis de produtores”, disse. Ele também destacou o potencial da inteligência artificial para modernizar processos e integrar a nova geração ao campo.
Já o pecuarista Mauro Lúcio, que vive no Pará desde 1982, lembrou a experiência bem-sucedida de Paragominas, que deixou a lista dos municípios que mais desmatavam após a implementação de iniciativas que envolviam assistência técnica.
“Fizemos uma gestão territorial completa: identificamos áreas aptas à produção, regeneramos áreas inadequadas, ampliamos reserva legal e APPs, e trouxemos o município para a legalidade”, relatou.
Crédito rural: custo, risco e a necessidade de melhorar o ambiente de investimentos
Diretor de Sustentabilidade do Rabobank, Taciano Custódio apontou como sonho a redução do custo operacional das linhas de crédito para que se tornem alavancas de transformação. Ele explicou que, hoje, um terço do financiamento da agricultura brasileira vem do governo e dois terços do setor privado – grande parte de investidores internacionais.
Segundo Custódio, fatores como a complexidade regulatória, a demora na implementação do Código Florestal, a validação do CAR e o desmatamento elevam a percepção de risco sobre o Brasil.
“Precisamos ser mais vocais sobre a importância da implementação plena do Código Florestal e modelar instrumentos financeiros adequados à diversidade da agricultura tropical. Há enorme oportunidade, mas o capital só vem com segurança”, afirmou.














































