Um mês atrás, em 15 de maio de 2023, o Brasil e, de forma muito particular, a Avicultura Brasileira, entraram em sobressalto com a informação, vinda do Ministério da Agricultura, da detecção do vírus de alta patogenicidade da Influenza Aviária (IAAP) no País.
Era, para nós, não só a primeira ocorrência do gênero, mas também a cristalização de um temor que permanecia latente desde o início deste século, quando o vírus da IA começou a causar – no sudeste asiático, em escala bem menos grave que a atual – problemas para o setor avícola. Então, já se afirmava que a questão não era “se”, mas “quando” a doença chegaria ao Brasil.
A resposta veio cerca de duas décadas depois. E desde a primeira confirmação até hoje (15 de junho) foram 31 casos confirmados de presença da IAAP. Menos mal, porém, que até aqui continuem restritos a aves silvestres (ou, mais particularmente, marinhas) – o que continua assegurando ao País a manutenção do status de zona livre da Influenza Aviária para a avicultura comercial.
O Espírito Santo, onde foram detectados os primeiros casos, é o que concentra o maior número desses focos: cerca de duas dezenas. Mas eles também estão presentes na Bahia (Caravelas, sul do Estado), no Rio de Janeiro (segundo maior número de casos, com oito focos) e no Rio Grande do Sul (um único caso em área próxima à Lagoa da Mangueira, no município de Santa Vitória do Palmar).
Porém, o trabalho desenvolvido pelo sistema de vigilância antecedendo o reconhecimento dos focos é muitíssimo mais amplo. Até agora já foram investigados mais de 1.320 casos suspeitos de IA por todo o País, inclusive na avicultura comercial, descartando-se mais de 80% deles. Ou seja: o esforço de detecção prosseguiu com menos de 20% dos casos suspeitos (pouco mais de 250), dos quais apenas 12 continuam sendo investigados (relatório divulgado pelo MAPA às 8,30 horas desta quinta-feira, 15 de junho). Portanto, nesses pouco mais de 30 dias foram descartados quase 97% do total de casos suspeitos, a maioria absoluta dos focos confirmados ficando restrita a áreas litorâneas e envolvendo, apenas e exclusivamente, aves silvestres.
Como, no País, a maior parte da avicultura está interiorizada, o risco parece ser menor. Mas não é. Por isso, todo cuidado é pouco. Há relatos, mundo afora, de que boa parte dos surtos de Influenza Aviária que atingiram a avicultura comercial (na Ásia, na Europa e na América do Norte) foram causados não pelas aves selvagens, mas pelo homem. Através das roupas, calçados, veículos, pertences pessoais. Razão por que até mesmo um importante momento de lazer – ida ao litoral para gozo de férias ou simples banho de mar – torna-se, também, fator de risco para quem atua na avicultura.
Na reprodução cartográfica abaixo, do MAPA, estão assinalados os quatro estados onde foram detectados focos da doença. Os pontos que aparecem nesses estados e nas demais unidades federativas da União representam investigações realizadas em casos suspeitos, a maioria absoluta deles descartada.
Essa apresentação é atualizada duas vezes por dia pelo MAPA. Clique aqui https://mapa-indicadores.agricultura.gov.br/publico/extensions/SRN/SRN.html para acessá-la a qualquer momento. Ela possibilita, também, reconhecer em cada um dos pontos mostrados o tipo de exploração investigada (criação de subsistência, produção comercial, aves silvestres), o respectivo município e a espécie de ave sob investigação.