Diante da estimativa de que um eventual avanço da gripe aviária para granjas comerciais e em grande escala no Brasil poderia gerar um impacto anual de R$ 21,7 bilhões para a economia do país, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) avalia que esse valor poderia estar “superestimado”, uma vez que as premissas utilizadas na projeção feita pelo Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro) diferem da “da realidade da avicultura brasileira”.
O estudo da FGV Agro foi realizado a pedido do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA Sindical).
Em nota, a ABPA disse que reconhece a importância de registrar o impacto positivo do trabalho realizado pelos auditores fiscais federais agropecuários no monitoramento da enfermidade em aves silvestres, bem como na intensificação dos controles, campanhas e uma série de medidas adotadas pelo governo brasileiro, por meios do serviço público, para a preservação do status sanitário nacional.
“Ao mesmo tempo, é preciso cautela em dispor dados que partem de estimativas pautadas por premissas que destoam da realidade brasileira, e que podem gerar especulações equivocadas e insegurança dos diversos entes que tornam a cadeia produtiva economicamente sustentável”, disse a entidade que representa as empresas de aves.
Segundo a entidade, o estudo é uma atualização de uma análise da FGV Agro, publicada em 2021, que relaciona, entre outros pontos, possíveis prejuízos pela ocorrência de um eventual surto de influenza aviária em território nacional. A metodologia apresentada “faz uma adaptação do modelo” que é utilizado para febre aftosa e peste suína clássica e que utiliza cinco regiões da Europa como referência, “determinando a probabilidade de um surto da doença, em um período de cinco anos baseado em eventos passados obtidos no site da atual Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA)”.
“Neste sentido, respeitando a qualidade do estudo, é preciso ressaltar que as suas premissas são diversas da realidade da avicultura brasileira, seja pelo marco temporal, pelo perfil produtivo ou pelos níveis de biosseguridade e efetividade de ações de monitoramento e controle aplicados no Brasil, que é um dos mais elevados do mundo”, disse a ABPA.
Enquanto as regiões mencionadas enfrentam ciclicamente surtos de influenza aviária, o Brasil segue livre da enfermidade em seu plantel comercial, o que mantém seu status sanitário diante de compradores internacionais.
A ABPA ainda enfatizou que “surpreende o valor final divulgado” pela FGV Agro, de prejuízo econômico de R$ 21,7 bilhões por um eventual surto da doença em produção comercial brasileira.
“Não se pode negar a possibilidade de ocorrência de prejuízos, porém, mesmo em uma condição extrema de impactos, a situação apresentada parece apontar para uma crise por um período muito mais longo do que a realidade apresentada nos países que já enfrentaram ou enfrentam registros da enfermidade há um certo tempo. Por tais motivos, a ABPA entende que o valor dos prejuízos divulgados pode ter sido superestimado”, completou.