USDA traz aumento do consumo do derivado internamente nos EUA, confirmando a força dos óleos. No Brasil, preços ainda fortes, porém, novos negócios são apenas pontuais. Prêmios seguem negativos.
As altas entre os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago, nesta quarta-feira (12), variaram entre 14 e 27,75 pontos nos principais vencimentos, com o contrato julho/21, o mais negociado agora, cotado a US$ 16,42 por bushel. O mercado segue refletindo estoques muito apertados da safra velha nos EUA e dando espaço para uma continuidade dos ganhos na CBOT, mesmo com sua manutenção no boletim mensal de oferta e demanda divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
O número veio ainda nos 3,27 milhões de toneladas, mostrando que a relação estoque x consumo deverá seguir bem baixa, inclusive para a próxima temporada. Com 2021/22 sendo iniciada com estoques baixos, a projeção do departamento americano é de estoque final também baixo, inicialmente projetado em 3,81 milhões de toneladas.
Diante deste quadro, os preços altos da soja na Bolsa de Chicago e essa tendência altista ainda mantida exercem o papel de continuar estimulando um aumento de área no país, de forma a trazer um equilíbrio mais substancial ao quadro de oferta e demanda global da oleaginosa.
E nesta semana essa questão da disputa por área nos EUA entre soja e milho tem estimulado de forma bastante intensa o viés positivo das cotações das duas commodities. Para o milho, o estímulo veio forte da demanda, com compras grandes e consecutivas por parte da China e outros importantes compradores, como o México, por exemplo.
No entanto, ainda para esta quarta-feira, o destaque no complexo soja se deu, mais uma vez, para o óleo, que fechou o pregão com ganhos superiores a 2% na CBOT também motivados por uma demanda maior, especialmente internamente nos EUA.
“Os EUA precisarão esmagar mais. Já estamos vendo investimentos, anúncios de esmagadoras americanas e tudo isso pela demanda por óleo dentro dos EUA. E diante disso o USDA fez algumas alterações nesta temporada e para a próxima que mostram esse aumento no consumo. O óleo de soja é o líder da alta”, explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.
Aqui no Brasil, com as disparadas dos futuros da soja em Chicago e mais o dólar – que segue acima dos R$ 5,00 e com a alta desta quarta voltando aos R$ 5,30 – os prêmios no Brasil seguem caindo expressivamente. Para a posição julho, do lado do vendedor são 35 cents de dólar negativos e do comprador, 50 cents abaixo da CBOT.
No mercado nacional, os prêmios negativos têm como principal papel atrair a demanda. No entanto, a China ainda sofre com margens apertadas de esmagamento, o setor de suínos passando por problemas – principalmente por conta da Peste Suína Africana – e, dessa forma, ainda ligeiramente ausente do mercado.
Ainda assim, a formação dos preços aqui no Brasil continua resultando em valores bastante remuneradores e garantindo oportunidades importantes ao sojicultores brasileiros. Ainda assim, novos grandes negócios não tem sido efetivados.
“Os produtores devagarinho vão vendendo, mas o problema são as tradings. As tradings vão comprando, mas não conseguem encontrar tanta demanda no mesmo ritmo, e isso vai gerando essa pressão sobre prêmios. Isso sem contar o frete marítimo que não para subir”, afirma Vanin.