O plantio de milho “verão” no centro-sul do Brasil deverá crescer apenas 0,6% em 2021/22 ante o ciclo anterior, para 2,973 milhões de hectares, apontou nesta segunda-feira a AgRural, notando que o país manterá um sistema que privilegia a soja na primeira safra e o cereal na segunda, o que expõe riscos para indústrias de carnes especialmente em um ano de baixos estoques.
“O negócio mais rentável do Brasil é plantar milho… Com o cenário todo favorável, a gente esperava um aumento muito mais expressivo na área (da primeira safra)”, disse o analista Fernando Muraro à Reuters.
Mas ele observou que, apesar de negócios antecipados de milho nos Campos Gerais (Paraná) a 85-95 reais a saca –valores que geram rentabilidade superior à da soja– o agricultor prefere plantar a oleaginosa no verão e depois fazer o cereal na segunda safra.
O milho a cerca de 90 reais a saca, para entrega entre fevereiro e abril de 2022, gera uma rentabilidade de 9 mil reais por hectare ao produtor, enquanto no caso da soja ele ganha 6,5 mil reais/ha.
“Mas o padrão brasileiro é este, plantar soja verão e milho safrinha (segunda safra)”, comentou Muraro, em referência ao sistema de cultivo que envolve também a rotação de cultura.
A AgRural ainda citou que “o medo de perdas por problemas climáticos” –aos quais a soja costuma ser mais resistente– e as incertezas causadas pelo avanço do inseto conhecido como cigarrinha “deixam o produtor com receio de aumentar a área dedicada ao cereal na safra de verão, especialmente aqueles que enfrentaram quebra na safra passada”.
Por conta da menor produção na colheita do ciclo anterior no verão, quando a estiagem gerou perdas, a próxima primeira safra tem potencial de crescer 2,7 milhões de toneladas ante o mesmo período de 2020/21 se o tempo colaborar, para 21,5 milhões de toneladas, ainda que a área fique praticamente estável.
Da safra de verão, o milho ocupará apenas 7% da área no Paraná, Estado que é um dos maiores produtores de grãos do Brasil, índice praticamente estável em relação aos últimos anos.