Lançamento de programa voltado à inovação é destaque da visita no país asiático.
Durante esta semana, gestores e pesquisadores da Diretoria de Pesquisa dos Agronegócios (Apta), órgão responsável pelas atividades de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo, participam de encontro internacional em Nova Dheli, capital da Índia, focado em estreitar parcerias de pesquisa no agronegócio e fortalecer um histórico de cooperação entre os dois países.
O diretor da Apta, Carlos Nabil Ghobril, vê a visita como uma oportunidade de aproximação tanto em âmbito comercial, onde as relações merecem maior desenvolvimento, quanto na área técnica e de inovação. “A Índia detém cerca de 11% da produção mundial de alimentos, com uma população que já ultrapassa 1,4 bilhão de habitantes. Eles têm um compromisso muito grande com a agricultura para alimentar a toda essa população e o propósito principal da missão é aproximarmos as startups brasileiras e indianas para poderem trabalhar em conjunto e desenvolver soluções para os dois países”, comenta.
Uma das atividades da programação, o Brazil-India Agri Innovation Day, foi dedicada a esse propósito. Organizado pelo Conselho Indiano de Pesquisa Agrícola (ICAR), o evento marcou o lançamento da segunda edição do Brazil–India Cross-Incubation Programme in Agritech (Maitri 2.0), programa de incubação voltado ao agronegócio que abrange as duas nações com o objetivo de promover inovação tecnológica e gerar intercâmbio de boas ideias e práticas.
“A Índia é o quarto maior mercado de startups do mundo, com um ecossistema maduro, consolidado e vibrante”, conta o líder de Inovação da Apta e gestor do AptaHub, Sergio Tutui, também presente na comitiva. “Isso possibilita não somente a troca de experiências e melhoria dos processos de fomento e gestão da inovação, como também políticas que facilitem a internacionalização das nossas startups num dos maiores mercados consumidores do mundo”, complementa.
Em consonância com Nabil, ele acredita que um dos grandes desafios da Índia é alimentar uma população crescente, sem possibilidade de expansão de áreas agriculturáveis ao passo que enfrenta limitações de infraestrutura e logística. “Por isso o investimento na pesquisa agropecuária é estratégico e uma política de estado indiana. Não à toa a rede de pesquisa científica e tecnológica no agro aqui é uma das maiores do mundo, com o segundo maior banco de germoplasma do planeta”, enfatiza Tutui. Para ele, as características de solo e clima são semelhantes nas duas nações, o que faz com que a produção agrícola tenha muitos paralelos. “Dessa forma, os avanços científicos tecnológicos dos dois países são complementares e o co-desenvolvimento de conhecimentos e tecnologias pode ser benéfico para ambos”, defende.
Os gestores sustentam que as oportunidades de intercâmbio técnico-cientifico entre as sete Instituições de Ciência e Tecnologia da Apta e os institutos indianos podem ampliar o espectro e as abordagem dos projetos institucionais, impactando positivamente o desenvolvimento tecnológico do agro paulista. “O intuito é fortalecer também o AptaHub como um dos principais hubs de inovação do agro do Brasil, ampliando as possibilidades de consolidação e expansão dessas empresas nascentes de base tecnológica (deep techs) e alto valor agregado, gerando empregos qualificados e arrecadação ao estado”, detalha o líder de Inovação.
O diretor da Apta lembra que esse é um passo importante no estreitamento das relações e que já está sendo planejada uma viagem de pesquisadores indianos para conhecer a estrutura de pesquisa paulista. “Esperamos poder receber, de forma recíproca, uma missão da Índia em nosso país ainda esse ano”, finaliza Nabil.
O roteiro inclui, além de Nova Delhi, visitas em Bangalore. A delegação conta ainda com as coordenadoras do Instituto Biológico (IB-Apta), Ana Eugênia de Carvalho, e do Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), Priscilla Fagundes, e o pesquisador do Instituto Agronômico (IAC-Apta) Hamilton Ramos, além de membros da equipe AptaHub.