Os avicultores do Paraná trabalharam “no vermelho” ao longo deste ano, mesmo com exportações de carne de frango em alta e também com o encarecimento da proteína ao consumidor brasileiro.
A conclusão é da Federação da Agricultura e Pecuária do Paraná (Faep/Senar-PR), que realizou um levantamento de custos de produção em oito praças produtoras do Estado. Nem mesmo o reajuste no preço do frango vivo pago ao produtor neutralizou as perdas do avicultor, diz nota da Faep.
Segundo a Faep, embora o cenário seja de déficit generalizado, os dados indicam duas conjunturas distintas: algumas das praças, como Cambará (frango griller) e Cianorte (frango pesado), conseguiram diminuir o déficit em relação ao levantamento de maio. “Em outras localidades, como Chopinzinho (griller) e Londrina (pesado), o prejuízo se aprofundou, tornando ainda mais difícil a conjuntura dos avicultores”, cita.
Segundo a analista Mariani Ireni Benites, do Departamento Técnico Econômico da Faep, “a produção e a exportação aumentaram, mas isso não está se refletindo para os produtores. Ainda que tenha havido aumento de receita, isso não bastou para cobrir os custos de produção”, diz.
“O que o avicultor recebe tem sido suficiente para cobrir apenas os custos variáveis, relacionados à energia, mão de obra, manutenção, entre outros itens”, completa outro analista da mesma instituição, Luiz Eliezer Ferreira. “Mas a remuneração não inclui os custos operacionais, que precisam ser observados. Quando o avicultor tiver que renovar seu ‘pacote tecnológico’ e os barracões ou repor maquinários, ele vai ter dificuldade e corre o risco até de sair da atividade.”
A inflação galopante no último semestre também afetou a atividade, conforme o presidente da Comissão Técnica de Avicultura da Faep, Diener Gonçalves Santana. Assim, ele prevê que nos próximos meses serão de dificuldade para os produtores. “Além da alta dos custos de produção, os reajustes que ocorreram no período foram comidos pela inflação. Os preços estão só subindo e o que o avicultor recebe não dá conta de cobrir os gastos. Estamos no vermelho e, nessa conjuntura de inflação, não vemos horizontes positivos”, avalia.