Evento que reúne diversos setores da cadeia produtiva celebra 30 anos e reforça protagonismo de Santa Catarina no cenário mundial.
Começou na terça-feira (5) o 15º Simpósio Técnico ACAV – Incubação, Matrizes de Corte e Nutrição. De 5 a 7 de agosto, o evento reúne, no CentroSul, em Florianópolis (SC), profissionais, técnicos, pesquisadores, empresários e estudantes ligados à cadeia produtiva avícola. Em pauta, assuntos como a biosseguridade, a sanidade das aves, os aperfeiçoamentos tecnológicos e valiosos debates que ampliam os horizontes de todos os envolvidos.
Promovido pela Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), no primeiro dia de Simpósio os participantes tiveram atualizações técnicas, durante o pré-simpósio assinado pela MSD, e falaram sobre biomonitoramento e saúde animal, durante o dia. Já no início da noite, foi realizada a abertura oficial, da qual participaram o coordenador geral do evento, Bento Zanoni, o Secretário de Estado da Agricultura, Carlos Chiodini (representando o Governador Jorginho Mello), o Secretário Executivo de Articulação Internacional e Projetos Estratégicos de SC, Paulo Bornhausen, o presidente da ACAV, Marcondes Aurélio Moser e o diretor executivo de agro e sustentabilidade da Seara Alimentos S/A, presidente do Sindicarne, José Antônio Ribas Junior, bem como outras autoridades presentes.
Comemorando os 30 anos do evento, em 2025, Moser destacou a importância do engajamento de toda a cadeia produtiva para que o evento tivesse uma trajetória tão consolidada como essa. Desde os produtores, passando pelas empresas e entidades envolvidas, cada um cumpre com o seu papel para que esse evento seja um dos mais importantes da avicultura. De acordo com o presidente, entre os assuntos mais relevantes que devem ser debatidos nos próximos dias está a questão sanitária, devido às atenções em relação à gripe aviária. “A ACAV está totalmente imbuída e exercendo uma liderança muito forte com todos os elos produtivos para que o protocolo da biossegurança seja exigido para o nosso maior ativo, o produtor rural”, disse.
Ao que Zanoni complementou, reforçando que a orientação para os participantes é, inclusive, de que ao retornarem para suas rotinas, cumpram o tempo necessário de afastamento das granjas que, para quem é do Brasil, é de três dias e, para quem é de outro país, é de sete dias. “A orientação é justamente para garantir a biosseguridade de quem vem para nosso evento”, afirmou. O coordenador fez questão de relembrar que cada uma das edições do evento, desde a primeira, tem sua importância para que o Simpósio chegasse à proporção em que se encontra atualmente. “Nós trazemos sempre a evolução da avicultura, principalmente as tendências na área da tecnologia, para que possamos melhorar no nosso dia a dia”, observou.
Conforme Junior, que também concorda sobre biossegurança ser o principal assunto em pauta, o Brasil é o segundo país mais relevante na produção de aves no mundo – e o primeiro em exportação –, exatamente por conta de eventos consolidados como o Simpósio. “Esse reconhecimento mundial do País passa muito pelo trabalho que Santa Catarina faz com as grandes agroindústrias do Estado. Afinal, das três maiores agroindústrias do mundo, duas são catarinenses, o que nos impulsiona a ter as melhores certificações do setor e levar frango para 150 países do mundo”, afirmou.
Entre os homenageados da noite estavam o secretário Paulo Bornhausen, pela missão internacional de 2025, que teve como objetivo reforçar a importância estratégica dos mercados asiáticos à avicultura brasileira; bem como o Governador Jorginho Mello, pela rápida ação na retomada do mercado no Japão, devido à Influenza Aviária no município de Maracajá, em 2023.
A palestra magna da abertura oficial ficou a cargo do Doutor em Educação pela Universidad de La Empresa (Uruguai), José Luiz Tejon Megido. Seguindo a proposta do título: “Avicultura brasileira uma revolução tecnológica, produtiva, humana… consumidora para o mundo”, Tejon reforçou que o setor do Brasil revolucionou o mercado de forma bastante estratégica, modificando a maneira como o consumidor final começou a consumir o frango.
De acordo com ele, essa grande transformação foi científica e tecnológica, mas também de consumo a partir de uma grande ação de marketing do setor: o prestigiado frango assado. A iniciativa da famosa “televisão de cachorro”, como a iguaria ficou conhecida, teve como consequência o engajamento de famílias, principalmente durante o almoço de domingo. Essa iniciativa teve reflexos inclusive nas tarefas domésticas de muitas mulheres encarregadas de fazer os almoços aos finais de semana. “Pode-se considerar que a avicultura realizou uma verdadeira orquestração empresarial do agrobusiness”, comentou Tejon. Ovacionado pelo público, a palestra dele trouxe um vislumbre da importância do agronegócio como sinônimo de saúde.
O encerramento do primeiro dia foi marcado pelo coquetel de confraternização oferecido pela COBB, uma das patrocinadoras do evento. O segundo dia de Simpósio, quarta-feira (6) será totalmente dedicado ao assunto eleito como o mais relevante atualmente, a sanidade avícola. Estão previstas palestras sobre doenças virais emergentes na avicultura, uma atualização do cenário global da influenza aviária e panorama da biosseguridade na avicultura brasileira, com foco na situação epidemiológica e nos principais pontos de atenção para o setor.
Controle sanitário em foco: especialistas reforçam biosseguridade na avicultura durante simpósio em Florianópolis
Palestras desta quarta (6), no 15º Simpósio Técnico da ACAV, destacaram ameaças virais, entre elas a Influenza Aviária, e estratégias fundamentais para prevenção e resposta rápida.
Biosseguridade. Este foi o assunto debatido nas palestras da manhã desta quarta-feira (6), durante o 15º Simpósio Técnico da ACAV, que acontece no CentroSul, em Florianópolis (SC). A médica veterinária Isabella Lourenço iniciou as palestras e discorreu sobre algumas ameaças virais para aves, além de abordar pontos de atenção importantes sobre como diagnosticá-las e combatê-las. Na sequência, o doutor em medicina veterinária David E. Swayne mostrou o cenário mundial da Influenza Aviária (IA) e a importância do controle e da prevenção. O também médico veterinário Bruno Passamillo encerrou o bloco e compartilhou aprendizados, vulnerabilidades e soluções viáveis para elevar o nível da biosseguridade nas granjas brasileiras, com foco em prevenção, controle de riscos e resposta rápida às possíveis ameaças.
Entre as ameaças virais apresentadas por Isabella estavam laringotraqueíte, reovírus, bronquite, astrovírus, adenovírus, gumboro e anemia. Ela reforçou que a imunidade da galinha é importante, pois a doença pode passar para a progênie. Assim, a vacinação estratégica e a imunização ativa com os acompanhamentos necessários são essenciais para manter a sanidade das aves. “Trabalhar a vacinação de forma adequada é indispensável para o controle das doenças, inclusive para um resultado reprodutivo positivo. A imunidade passiva que a mãe fornece para os filhos é fundamental para a proteção da ave ao longo da vida”, afirmou. A médica veterinária ainda reforçou que a biossegurança precisa ser aplicada de forma adequada e efetiva, pois ela tem o poder de reduzir a disseminação dentro do sistema.
Na sequência, Swayne abordou que a IA é uma das patologias mais ameaçadoras para a avicultura industrial mundial. Atualmente, existem três tipos de vírus da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade com os quais o mundo todo basicamente está combatendo. A doença se espalhou a partir da migração das aves e contaminou diferentes animais, entre eles mamíferos que vivem tanto no mar quanto na terra. O doutor explanou que as ações que se mostraram eficientes na prevenção e no controle da doença nas aves foram o protocolo de biossegurança, as ações rápidas e efetivas de vigilância sanitária, a extinção das aves doentes, bem como a vacinação para a população de aves de alto risco de contrair a doença.
Passamillo também reforçou estas estratégias para prevenir e conter doenças emergenciais, principalmente a IA. Ele foi bastante enfático, no entanto, com relação ao plano de contingência da doença. “O Brasil precisa ficar muito atento à Influenza Aviária, pois está no pior momento de possibilidade de contração da doença, como nunca se tinha observado antes”, afirmou.
Ao mesmo tempo, ele ressaltou que o sistema de vigilância sanitária é muito eficiente no país. “Os profissionais sabem o que precisa ser feito, a questão agora é melhorar ainda mais um sistema já eficiente”. Segundo Passamillo, a demanda deve ser trabalhar com um programa completo de biossegurança, que envolve diversas ações, entre elas vacinação, monitoramento, erradicação e um plano de contingência adequado para cada localidade específica. “Não é importante apenas saber agir, mas é essencial saber como reagir, ter uma equipe específica para prevenção e montar um cronograma eficiente que mantenha a empresa funcionando, mesmo em casos de contaminação das aves. Isso é o que vai garantir a saúde financeira das empresas”, concluiu.