A China reabriu oficialmente seu mercado para as exportações de carne de frango do Brasil, com exceção do Rio Grande do Sul. A comercialização para o principal importador brasileiro estava suspensa desde 17 de julho, quando foi identificado um foco da doença de Newcastle em Anta Gorda (RS).
Carta enviada pelos chineses à embaixada do Brasil em Pequim revoga a suspensão voluntária das exportações de carne de aves a partir do dia 12 de agosto, sem nenhum tipo de restrição. Já a produção gaúcha seguirá embargada. O governo brasileiro segue em tratativas para a retomada das vendas do Estado, disse o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa.
As cargas provenientes do Rio Grande do Sul, que foram embarcadas depois do dia 17 de julho e antes de 2 de agosto, poderão ser aprovadas na inspeção e análise laboratorial que será feita lote por lote pela aduana da China, conforme antecipou a reportagem na semana passada.
A certificação de produtos avícolas de frigoríficos gaúchos para o país asiático após 2 de agosto, portanto, segue suspensa. Oito plantas do Estado têm habilitação para exportar para a China. Em todo o Brasil, são mais de 50 plantas com autorização para retomar as exportações.
O comunicado da Administração-Geral de Alfândegas chinesa (GACC, na sigla em inglês) também diz que os produtos a serem enviados para o país asiático devem ser provenientes “de aves de áreas livres da doença de Newcastle”. Com isso, não serão aceitos animais do Rio Grande do Sul abatidos em plantas de Santa Catarina.
“Depois de intensa negociação e entendimento com as autoridades chinesas, chegamos à liberação para exportação de aves do Brasil para a China com exceção do Rio Grande do Sul”, disse o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa.
Uma reunião bilateral foi realizada na noite de terça-feira (13/8) para tratar do assunto. “Seguimos em tratativas para liberação do Estado”, completou Perosa.
A carta da GACC diz que podem ser retomadas, a partir de 12 de agosto, “as exportações de produtos dos estabelecimentos de carne de aves localizados nos Estados não atingidos pela doença [Newcastle]. Solicita-se que o lado brasileiro implemente rigorosamente os requisitos previstos no Art. 4 do protocolo bilateral”.
A correspondência pede ainda que o Brasil “realize devidamente o controle na origem de produção e a supervisão de inspeção sanitária da carne de aves destinada à exportação para a China, além de adotar medidas eficazes para evitar as exportações de produtos originários do Estado onde foi detectada a doença para a China por ‘outros caminhos'”.
Os oito frigoríficos gaúchos habilitados para a China e que seguem sem poder exportar carne de aves são: Cooperativa Central Aurora de Alimentos, de Erechim (SIF 68), BRF, de Serafina Corrêa (SIF 103), Cooperativa Languiru, de Westfália (SIF 730), JBS Aves, de Passo Fundo (SIF 922), Companhia Minuano de Alimentos, de Lajeado (SIF 1661), BRF, de Marau (SIF 2014), JBS Aves, de Montenegro (SIF 2032), e Agrosul Agroavícola, de São Sebastião do Caí (SIF 4017).
O foco de Newcastle foi confirmado pelo Ministério da Agricultura em 17 de julho em uma granja comercial em Anta Gorda (RS), com a morte e sacrifício de 14,4 mil aves, ao todo. Nenhum outro caso foi identificado e o surto foi encerrado em 25 de julho, conforme comunicado da Pasta à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
Assim que confirmou o foco, o governo brasileiro atendeu aos protocolos sanitários firmados com os importadores e aplicou a auto suspensão das exportações. Os países aplicam embargos a diferentes regiões nesses casos: país, Estado ou zona de restrição, no raio de 10 quilômetros do foco.
Com a China, o protocolo prevê a interrupção das vendas de todo o país. Como não houve espalhamento da doença para outras granjas nem outros Estados, o governo brasileiro negociou a normalização do fluxo comercial.
Apenas a Argentina mantém o bloqueio para exportações de todo o país. Outros destinos restringiram o embargo ao Estado do Rio Grande do Sul, caso de China e México até agora, ou ao raio de 10 quilômetros do foco, como a União Europeia e dezenas de outros países.