Dessa forma, o Commodity Weather Group (CWG) trouxe seu boletim sazonal com previsões detalhadas e um pouco mais extensas para estas regiões, que são estratégicas e determinantes para a produção global de grãos. Mais ainda, as questões têm importância diante de uma escassez severa – e a mais ampla dos últimos anos – de soja, milho e trigo.
Afinal, ao passo em que a oferta se ajusta, a demanda cresce. E de acordo com as estimativas de analistas e consultores, serão necessários pelo menos de três a cinco anos para que se registre, novamente, um equilíbrio. E estas condições, inclusive, são parte importante e de suporte para preços em patamares elevados dos grãos.
AMÉRICA DO SUL
Nas previsões do CWG para a América do Sul, os meteorologistas ainda contabilizam os efeitos do La Niña, principalmente em regiões importantes de produção da Argentina. No país, as condições têm sido bastante agressivas neste momento, apesar das leves e recentes melhoras dos últimos dias, já tirando parte da produtividade tanto da soja, quanto do milho.
“Os índices de rendimento na Argentina se mostram abaixo do esperado, no entanto, são esperadas perdas menos severas na medida em que as condições de seca vão se amenizando. Para o final do verão no centro do Brasil, a tendência é de que o tempo fique mais úmido, favorecendo a produtividade. Em contrapartida, o extremo sul do país deve seguir sofrendo com o clima seco”, diz o reporte.
Os especialistas destacam ainda algumas preocupações com pontos do Centro-Oeste do Brasil em março, onde o tempo pode se mostrar mais seco e provocar algum stress para a safrinha de milho.
Para a Argentina, nesta quinta-feira, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires trouxe uma ligeira correção em sua estimativa para a safra de soja do país. O número caiu de 46,5 para 46 milhões de toneladas. E mostrou ainda que, na semana, o índice de lavouras de soja em condições ruins ou péssimas subiu de 10% para 13%.
ESTADOS UNIDOS
Para os Estados Unidos já há algumas preocupações ligadas ao tempo seco e os planejamentos para o início da safra 2021/22. O mapa que mostra as chuvas esperadas de dezembro do ano passado até fevereiro deste ano sinalizam boa parte do Corn Belt com volumes abaixo da média. O instituto, todavia, alerta para os efeitos que o La Niña ainda pode causar no cenário climático norte-americano e causar preocupações ainda mais fortes.
EUROPA & RÚSSIA
Para a Europa e a Rússia, as atenções se voltam para o trigo, que também tem sua oferta bastante pressionada diante de uma disponibilidade menor mundial de milho e de uma demanda muito intensa, principalmente, do setor de rações.
“Metade do trigo da Rússia segue com níveis de umidade limitados, dificultando seu pleno estabelecimento. Já chuvas próximas ou acima da média do Leste Europeu e na Ucrânia favorecem o trigo. Atenção aos eventos de ‘winterkill’, que podem tirar bastante do potencial produtivo do grao”, explicam os meteorologistas do Commodity Weather Group.
Ainda segundo os especialistas, “o maior risco se dá para um tempo ainda mais frio na Europa se o La Niña se tornar mais forte”.