A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê de estabilidade a crescimento de 2,5% para o PIB do agronegócio em 2023 na comparação com o previsto para este ano. Os elevados custos de produção, que tendem a se manter no ano que vem, e a perspectiva de arrefecimento dos preços internacionais das commodities agrícolas tende a limitar o desempenho do setor no próximo ano, segundo a CNA. As estimativas foram apresentadas pelo presidente da CNA, João Martins, pelo diretor Técnico, Bruno Lucchi, e pela diretora de Relações Internacionais, Sueme Mori, em coletiva de imprensa sobre o balanço de 2022 e perspectivas do agro para 2023 realizada on line pela confederação na manhã desta quarta-feira.
O resultado, contudo, se confirmado, representará uma recuperação frente ao desempenho esperado para o setor para este ano, estima a CNA. A entidade prevê queda de 4,11% no PIB do agronegócio deste ano, após ter registrado recordes em 2020 e 2021. De acordo com a entidade, a retração deve-se principalmente à forte alta dos custos com insumos, sobretudo ao aumento de preços de defensivos e fertilizantes, que subiram mais de 100% neste ano. A menor produção de soja e de cana-de-açúcar também pesou sobre o PIB da agropecuária em 2022, aponta a confederação.
Para o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária, que mede o faturamento da atividade agropecuária (dentro da porteira), a CNA espera aumento de 1,1% no próximo ano em relação ao atual. O menor ritmo de expansão do setor será motivado, especialmente, pelo desempenho da pecuária, que tende a ter uma receita 2,3% inferior em 2023 que a de 2022.
Neste ano, o VBP deve alcançar R$ 1,3 trilhão em 2022, 2,2% superior ao observado no ano passado, estima a CNA. A receita do setor agrícola tende a aumentar 3,3% ante 2021, para R$ 909,3 bilhões. Na pecuária, o faturamento deve ficar estável, com variação positiva de 0,1%, alcançando R$ 448,5 bilhões. As cadeias produtivas que mais influenciam no VBP são a soja, a carne bovina e o milho, que juntos representam 58,4% do total do VBP da agropecuária, segundo a confederação.
De acordo com a CNA, o próximo ano tende a ser de margem de lucro menor para o setor agropecuário com redução de receita para o produtor rural e alta dos custos de produção na atividade. A entidade aponta que as incertezas sobre o controle das despesas públicas e a condução da política fiscal devem afetar os custos do setor agropecuário, sobretudo em questões tributárias. “A taxa Selic deve se manter elevada no próximo ano, acarretando mais custo para o crédito para consumo, custeio e investimento. E o crédito privado deve se consolidar como alternativa para o produtor financiar sua produção nas próximas safras”, observa a entidade.
Safra – A safra de grãos 2022/2023 tende a subir 15,5% (ou 42 milhões de toneladas) em relação à temporada 2021/2022, para um total de 313 milhões de toneladas, prevê a CNA. O aumento reflete a elevação na área plantada no atual ciclo, estimada em 76,8 milhões de hectares. Para a soja, principal cultura agrícola, a CNA projeta alta de 4% na área plantada com a oleaginosa e elevação de 17% na produtividade, devendo alcançar produção de 153,5 milhões de toneladas.