Categoria afirma ter feito protestos contra aumento do diesel em 15 Estados e tenta articular paralisação
– Grupos de caminhoneiros iniciaram ontem atos em protesto contra sucessivos aumentos no preço do óleo diesel no país. As manifestações também buscam garantir a cobrança do piso mínimo do frete.
A mobilização começou a ser registrada após o CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas) convocar uma greve a partir de domingo (25), data em que é celebrado o Dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas. Contudo, ainda não há clareza sobre a possibilidade de a paralisação ganhar corpo nos próximos dias.
As incertezas estão relacionadas ao fato de a categoria ser representada por entidades diversas no país. Nos últimos dias, o debate sobre uma eventual greve dividiu motoristas, já que nem todas as organizações manifestaram apoio ao movimento.
No fim da tarde deste domingo, ainda era possível ler em grupos de WhatsApp da categoria mensagens indicando dúvidas sobre o início da paralisação. O presidente do CNTRC, Plínio Dias, disse que caminhoneiros realizaram atos em pelo menos 15 Estados, incluindo Paraná, Rio Grande do Sul e Ceará, ao longo do dia. Segundo o dirigente, os motoristas estacionam seus veículos em postos de combustíveis localizados às margens das rodovias. Eles carregam faixas contra o aumento nos custos de transporte, mas não interrompem o tráfego nas estradas, afirmou.
Ele acredita que a mobilização tenda a ganhar corpo no início da semana, dando sustentação para uma greve. Dias, contudo, evita projetar quantos participantes o movimento poderia somar nos próximos dias. “A categoria está achando um absurdo o aumento do combustível. Tem a questão do frete também”, declarou Dias.
A categoria deseja o fim do chamado PPI (Preço de Paridade de Importação) no cálculo dos combustíveis vendidos pela Petrobras. Essa política acompanha as variações de preços no mercado internacional e é afetada pelo dólar.
Em nota, na semana passada, o Ministério da Infraestrutura disse que CNTRC “não é entidade de classe representativa para falar em nome do setor do transporte rodoviário de cargas autônomo e que qualquer declaração feita em relação à categoria corresponde apenas à posição isolada de seus dirigentes”.
Os caminhoneiros também desejam a fiscalização dos preços de frete, que são tabelados e contam com um nível mínimo desde 2018, quando o então presidente Michel Temer (MDB) atendeu a essa demanda. Ainda hoje, a medida aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
Carlos Alberto Litti Dahmer, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), apoia a greve. Ele menciona que parte da categoria já começou a se mobilizar neste domingo e aposta em um crescimento dos atos a partir de hoje.
Em São Paulo, caminhoneiros da Baixada Santista decidiram aderir à paralisação após reunião de autônomos no sábado. Motoristas do Vale do Paraíba, em cidades como São José dos Campos e Pindamonhangaba, também afirmaram que devem protestar nesta segunda pela manhã. No Nordeste, motoristas começaram algumas paralisações no fim da tarde de domingo. Em Brejo Santo (CE), caminhoneiros colocaram pneus na estrada para sinalizar a parada.
Algumas entidades decidiram não aderir, apesar de apoiarem as pautas. A Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), comandada por Wallace Landim, o Chorão, um dos líderes da greve de 2018, diz que a pauta não é só dos caminhoneiros, mas de toda sociedade.