Ontem, quarta-feira (23) a abertura do segundo dia da Conferência FACTA WPSA – Brasil, realizada dentro de um formato totalmente digital devido às restrições da pandemia de Covid-19, e com o tema “Avicultura Recalculando”, contou com a palestra “Os desafios sociais ao futuro do consumo e produção de carnes”, com José Antônio Ribas Jr. (Diretor da Seara/JBS).
Segundo ele, o conceito Enviromental, Social and Governance (ESG) deve estar inserido nas ações corporativas, com governança, gestão e que traz inúmeras oportunidades, inclusive para falar mais e melhorar a comunicação proativa com a sociedade. “É uma cadeia de produção, com qualidade de vida, saúde, renda, cuidados ao meio ambiente, dentro da sociedade consumidora”, destacou. “O agro precisa planejamento estratégico e incentivo pois impacta a sociedade dentro do olhar econômico, político e de saúde e permite a muita gente ter ‘um prato de comida’, com geração de emprego e renda”, afirmou.
De acordo com Ribas, vivemos sob uma nova ótica. “Com muitas mudanças, exigências, propósitos e significados. Há uma exigência cada vez maior por qualidade, rastreabilidade e segurança alimentar. Precisamos mostrar a serviço de que estamos atuando. Em cinco anos, os consumidores mudaram muito e continuarão mudando em um mundo pós-Covid”, explicou. “Não somos produtores de aves e suínos. Somos produtores de saúde dentro de uma sociedade cada vez mais exigente”, afirmou.
Ribas apontou os desafios e oportunidades das empresas que atuam no agronegócio: “Comunicação proativa, transparência, liderança, coordenação, vantagens competitivas, capacitação e avançar dentro do conceito ESG”, disse.
Logo após, foi a vez de Alfredo Velez (Presidente da ANAPA, Nicarágua) trazer para o debate os desafios da avicultura latina de pequeno e médio porte para inserção no mercado internacional.
De acordo com Velez, a indústria avícola de médio e pequeno porte na América Latina passou por diversos estágios de competitividade e competência em seu desenvolvimento nos últimos 25 anos, e tem alcançado de forma consistente a autossuficiência no abastecimento do consumo interno de produtos avícolas, alcançando estabilidade no equilíbrio entre oferta-demanda. Porém, embora com o advento de melhoramentos genéticos, novas tecnologias e conhecimentos, a competição entre as empresas locais e estas por sua vez com as importações crescentes, o que, somado à falta de mercados de exportação, está limitando seu crescimento ao tamanho do mercado local. “Uma excelente oportunidade para dar o próximo passo no crescimento do setor é expandir mercados de exportação onde o volume necessário pode ser enviado para a indústria manter seu crescimento interno”, explicou.
De acordo com ele, na América Latina existem países cujas áreas geográficas compartilham clima, costumes, idioma e desenvolvimento econômico, o que potencializa sua inter-relação comercial, criando oportunidades de comércio intrarregional. Este desenvolvimento e interdependência das economias geraram Blocos Econômicos como a Integração Econômica Centro-americana, a Comunidade Andina, o Mercosul e o Caricom. “Em geral, embora muitos países da América tenham capacidade de exportação, por serem países com médio e pequeno mercado local, abastecidos pela produção nacional, tem resultado em uma baixa troca de carne de frango. Essa realidade nos leva a recomendar a busca de mercados de exportação para países extracontinentais”, disse. “Para esses mercados, consideramos necessário desenvolver uma plataforma de exportação em um período estimado de três e cinco anos, em que a indústria desenvolva uma política setorial que inclua a gestão da representação nos países ou regiões para os quais aspira exportar. Recomenda-se que esta gestão seja delegada e assumida pelas organizações sindicais da região (no caso de países vizinhos e pequenos) ou países considerados de médio porte (desde que os grandes já tenham plataformas de exportação), a fim de garantir o acesso do país para a indústria que representam, deixando para cada empresa o correspondente à sua habilitação própria. Essa busca por mercados de exportação deve necessariamente e convenientemente ter uma aliança entre o governo e o setor privado, uma vez que não se pode ignorar que os processos de reconhecimento ocorrem entre autoridades oficiais competentes”, destacou.
E representando as opiniões, além de técnicas, mas também de cunho político, Anderlise Borsoi (Ministério da Agricultura) falou sobre a inter-relação entre o campo e o abatedouro.
Segundo Anderlise, a palavra ‘inter-relação remete a interdependência, correlação, reciprocidade, correspondência, dentro de uma relação verdadeira. “Porém, a maioria das empresas ainda precisa desenvolver melhor essa questão entre o campo e o abatedouro para melhoria do controle de qualidade, que regula o processamento no abatedouro”, disse. “A palavra-chave e o que precisa ser destacado é o produtor avícola e é preciso um planejamento verdadeiro que seja bom para o campo e para o abatedouro, que passa necessariamente dentro de um serviço de inspeção”, disse. “A qualidade passa necessariamente com o trabalho feito no campo”, explicou.
Segundo ela, é preciso ter em mente que a circulação de informação não deve ser em sentido único. “Os objetivos devem estar claros e as metas serem conjuntas. É preciso ter em mente que o autocontrole é uma realidade e deste modo, maior pressão de fiscalização será definida ao longo do tempo. Se há oportunidade de melhorar a inter-relação faça a sugestão aos gestores, pois ela deve ser verdadeira”, finalizou.
A qualidade de carcaça, do campo ao abatedouro, foi o tema trazido por Barbara Vargas, da Aviagen. O primeiro tópico abordado por ela foi o manejo pré-abate. “Na retirada de ração não é recomendada a secagem total dos pratos e pode se feito em duas etapas, em um jejum parcial”, disse. “Além disso, é preciso manter o acesso aos bebedouros com água. “A água precisa estar disponível até o momento do carregamento e manter o maior tempo possível com água. É importante para o bem-estar e fluxo do conteúdo entérico e, antes do carregamento, deve-se caminhar a cada 30-45 minutos para garantir o consumo de água”, disse.
O carregamento automático/mecânico foi outro tópico abordado. “É necessária uma análise cuidadosa referente a custo de mão de obra x custo de equipamentos e qual é a disponibilidade de mão de obra para o trabalho”, afirmou. “Indico também a avaliação dos impactos em qualidade de pele, contusões e fraturas para a manutenção da qualidade do produto para cada mercado atendido”, destacou.
Já no Espaço VAXXINOVA, Gustavo Schaefer, falou sobre a proteção da Bronquite Infecciosa dentro do processo avícola.
Ele apontou que a Bronquite Infecciosa é uma doença viral, aguda e muito contagiosa. “A Bronquite Infecciosa é transmitida através de um vírus altamente contagioso, transmitido entre galpões”, disse. “Por isso é importante ampliar o espectro de proteção frente aos desafios de campo. Como a vacina Vaxxon IBr, que se adequa muito bem aos diferentes programas vacinais”, destacou.
Os pontos chaves de um programa de vigilância para Influenza Aviária e doença de Newcastle na América Latina foram temas para Hernan Rojas (Consultor, Chile).
Algis Martinez (Cobb), trouxe para a FACTA WPSA – Brasil uma análise sobre o acompanhamento de monitoramento de doenças emergentes frangos de corte, poedeiras e matrizes.
E a palestra “What Do We Know About Coronaviruses In The Poultry Industry? Poultry Research to Generate Solutions “, fechou o segundo dia com Rodrigo Gallardo (Davis, EUA).
Hoje, quinta-feira (24), será o terceiro e último dia da FACTA WPSA – Brasil. Estarão presentes nomes como Vitor Hugo Brandalize (Cobb), Vinícius Teixeira (Evonik), Teresinha Bertol (Embrapa), Deivid Machado Gonçalves (Plasson), Liris Kindlein (UFRGS), Ibiara C. Almeida Paz (Unesp) e José Maurício França (Universidade Tuiuti do Paraná).
E ainda, o evento contará com o Espaço PHIBRO, que abordará o tema Imunocenicidade da vacina de Gumboro viva (cepa MB) aplicada pela via in ovo, comandado por Sjaak DeWit (Universidade de Utrecht – Holanda).